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    Caçula do 'clã' Tripoli diz se ver como um 'soldado' de Doria na Câmara de SP

    THIAGO AMÂNCIO
    DE SÃO PAULO

    30/12/2016 02h00

    Fabio Braga/Folhapress
    Reginaldo Tripoli em praça na Vila Madalena. Perfil do terceiro vereador mais votado de São Paulo, Reginaldo Tripoli, que teve 89 mil votos na última eleição. Assume pela primeira vez um cargo público. Fez campanha usando apenas o sobrenome, já conhecido pela atuação dos irmãos Ricardo e Roberto Tripoli.
    Reginaldo Tripoli, terceiro vereador mais votado de São Paulo, fez campanha usando só o sobrenome

    Após dizer que nunca se lançaria candidato, entre uma luta e outra de boxe e após administrar restaurantes, academia e nada menos que o Palmeiras, Reginaldo (PV), o caçula dos irmãos Tripoli, foi eleito vereador em São Paulo.

    Terceiro mais votado, com 89 mil votos, só ficou atrás dos experientes Eduardo Suplicy (PT) e Milton Leite (DEM).

    Irmão do deputado federal Ricardo e do deputado estadual Roberto Tripoli, nomes conhecidos da política, Reginaldo foi escolhido sem que seu primeiro nome sequer fosse exibido nas urnas.

    Lá, os eleitores viam apenas o sobrenome Tripoli. Seu rosto também não era veiculado em santinhos. Em redes sociais, propagandeou projetos de lei propostos por seus irmãos. Até veículos de imprensa chegaram a noticiar sua vitória como se fosse de outro familiar mais famoso.

    Reginaldo admite que só recebeu tantos votos pela força do sobrenome. Diz ser "óbvio que tem gente que pode ter se enganado, mas são poucos". "Tive 89 mil votos. Se as pessoas achassem que eu era algum dos meus irmãos, seriam 260 mil", afirma.

    O novato na Câmara vai deixar para trás o Xexéu, nome pelo qual é conhecido desde a infância. Na Casa, será o vereador Reginaldo Tripoli, onde promete atuar na linha de frente do prefeito João Doria (PSDB). "Me vejo como um soldado dele na Câmara."

    Reginaldo já convive com a política de perto. Seu pai, Ricardo Alvarenga Tripoli, foi secretário de Turismo do governo de Adhemar de Barros em SP. O irmão mais velho, também Ricardo, é parlamentar desde 1982. Roberto ajudou a fundar o PV no Brasil.

    Mas Reginaldo refuta a ideia de que exista um clã da família se formando na política, e ri ao ser questionado se há uma "tripolândia" em ascensão –em paralelo à "tattolândia" da família Tatto. Apenas um dos irmãos nunca se candidatou, o jornalista Rubens Tripoli. O mais novo só topou se candidatar, diz, ao ver que as pessoas estavam se afastando da política. "E o caminho é o oposto, as pessoas têm que se aproximar", afirma.

    ANIMAIS

    Na Câmara, Reginaldo promete trabalhar para a criação de mais hospitais veterinários públicos em São Paulo e endurecer a punição por maus tratos de animais –a questão, contudo, é regulamentada por lei federal.
    De forma mais abstrata, promete ainda trabalhar pelos idosos e atuar nas áreas de cultura e esporte "para crianças carentes principalmente".

    O mais novo Tripoli da política se elegeu com um discurso de defesa dos direitos dos animais (o mesmo que fez os irmãos famosos), mas nunca trabalhou na área.

    Ele se diz "radicalmente" contra a matança de bichos para testes de cosméticos, mas afirma que, em pesquisas científicas, depende do caso, porque "não é um radical". Não vê incongruência no fato de comer "carne pra caramba", por ser um hábito cultural do brasileiro. "Talvez seja um processo", diz ele. Teve um cachorro, o Lupe, por 14 anos, que morreu há cerca de três meses.

    A maior parte dos votos que recebeu veio do Tatuapé, na zona leste. Lá está o primeiro hospital público veterinário de SP, voltado para pessoas de baixa renda, bandeira levantada pelo irmão Roberto –outro está na Parada Inglesa, zona norte, onde Reginaldo também foi bem votado.

    O novo vereador trabalhou com produção publicitária até o começo dos anos 1990 e, depois, entrou na vida de empresário. Foi dono de academia em São Paulo e um dos responsáveis por trazer o restaurante Capim Santo para a capital paulista. Depois, teve o Café dos Prazeres, nos Jardins, que fechou no último ano por dificuldades econômicas.

    Conselheiro do Palmeiras, nasceu e cresceu no entorno do Palestra Itália. Homem forte de Paulo Nobre, ex-presidente do clube –que fez uma doação de R$ 120 mil à sua campanha–, foi diretor administrativo do time.

    Atleta de boxe desde os 18 anos, treina o esporte até hoje, diz. Participou de 30 lutas amadoras e uma profissional, há cinco anos –quando, aos 49, nocauteou o adversário de 28 anos em um minuto e 47 segundos, diz ele, que classificou a luta como "frustrante".

    Reativou em 2009 a equipe de pugilismo do Palmeiras. Compara o esporte com o xadrez. "O boxe me ensinou muita coisa. Competição, controle de tempo e espaço, inteligência, controle da raiva e do medo. São só duas pessoas no ringue, sem pai nem mãe", diz Reginaldo, eleito agora com ajuda dos irmãos.

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