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    Rio de Janeiro

    Com 'miolo' degradado, zona portuária do Rio tem futuro incerto sob Crivella

    LUIZA FRANCO
    DO RIO

    01/01/2017 02h00

    Eduardo Knapp - 06.ago.16/Folhapress
    Boulevard Olímpico, no Rio de Janeiro, tem obra do grafiteiro paulistano Eduardo Kobra
    Boulevard Olímpico, no Rio de Janeiro, tem obra do grafiteiro paulistano Eduardo Kobra

    A palavra "malcuidado" dificilmente seria usada para descrever o Boulevard Olímpico, na zona portuária do Rio. A tinta do mural pintado pelo artista paulistano Eduardo Kobra ainda está fresca e a grama dos canteiros ainda está verde.

    Mas é só andar dois quarteirões na direção contrária ao mar e o cenário muda. Há sobrados dos quais só resta a fachada, prédios abandonados e lixo na rua.

    A prefeitura cumpriu quase todas as obras que prometeu para o chamado Porto Maravilha, mas quem caminha pela área sente que ainda há muito a se fazer na região que engloba os bairros do Santo Cristo, Gamboa, Saúde e trechos do Centro, Caju, Cidade Nova e São Cristóvão.

    Até o momento, o prefeito eleito Marcelo Crivella (PRB), que será empossado neste domingo (1º), não detalhou seus planos para a região.

    Revitalização do centro do rio

    Em seu programa de governo, Crivella diz que pretende levar ao porto, entre outras regiões, centros de ensino profissionalizante e capacitação. Membros de sua equipe dizem que levar moradia ao local será outra frente de trabalho. Até o momento, não está claro como essas iniciativas serão viabilizadas.

    Durante a campanha, Crivella declarou que o alvo de sua gestão será a melhoria de serviços como saúde e educação.

    Com o slogan "É hora de cuidar das pessoas", buscou passar a mensagem de que a gestão Eduardo Paes (PMDB) gastou demais em obras para receber a Olimpíada e deixou de lado esses serviços.

    O novo prefeito só anunciou quem ocupará as secretarias municipais dez dias antes de sua posse –entre elas, a de Urbanismo, Infraestrutura e Habitação, que ficará nas mãos do candidato derrotado na eleição municipal Índio da Costa (PSD). O segundo escalão ainda está sendo definido.

    ÁREA ESQUECIDA

    A indefinição preocupa o atual presidente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade e do Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural, Washington Fajardo. Ele diz que ainda não foi procurado pela equipe de Crivella para falar sobre o patrimônio cultural da cidade.

    "Em dezembro de 2008, logo antes de tomar posse, eu já havia feito inúmeras reuniões e já tinha diagnosticado um plano de trabalho que norteou os últimos oito anos. [O instituto] é um órgão decisivo para o porto, para o centro histórico e para o Rio, que é, afinal, uma cidade histórica."

    Uma área em que Fajardo gostaria de ter avançado mais é no Circuito Histórico e Arqueológico da Herança Africana, que fica justamente em uma parte ainda degradada da zona portuária.

    Ele abarca sítios arqueológicos relevantes para a história da diáspora africana na cidade. Fajardo gostaria de ter instalado uma rede de sinalização e intervenções paisagísticas que deixassem claro o que há ali –algo parecido com o que há atualmente no bairro da Liberdade, em São Paulo.

    Ele minimiza o fato de haver, logo atrás do Boulevard Olímpico, área tão extensa degradada. "Isso é natural. Será uma transformação de quinze, vinte anos. Temos hoje ilhas em que houve muita mudança. O desafio é fazer com que vire um continente."

    *

    Raio-x do Rio de Janeiro

    População: 6,3 milhões de habitantes
    Prefeito que sai: Eduardo Paes (PMDB)
    Prefeito que entra: Marcelo Crivella (PRB)
    Orçamento geral para 2017 (previsão): R$ 29,5 bilhões
    Orçamento de investimentos para 2017 (previsão): R$ 2,1 bilhões

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