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    Novo prefeito de Curitiba, Rafael Greca promete 'doçuras após o amargor'

    ESTELITA HASS CARAZZAI
    DE CURITIBA

    01/01/2017 02h00

    Eleito com a promessa de fazer Curitiba voltar a ser referência nacional, Rafael Greca (PMN) assume o cargo de prefeito neste domingo (1º) já com a sinalização de cortes.

    Greca chamou um "especialista em ajuste fiscal" para ser seu secretário das Finanças, reduziu as secretarias quase à metade e já avisou que, se não houver dinheiro no caixa da cidade, vai parcelar dívidas e suspender o reajuste ao funcionalismo.

    "Eu não tenho ilusão. Pior do que não ter aumento é não ter salário. Eu não quero lançar Curitiba no vexame do Rio de Janeiro", declarou ao UOL, empresa do Grupo Folha, que edita a Folha.

    Divulgação/Facebook
    Prefeito eleito de Curitiba, Rafael Greca (PMN), durante campanha
    Prefeito eleito de Curitiba, Rafael Greca (PMN), durante campanha

    Greca, 60, já foi prefeito da capital paranaense no início da década de 1990, quando assumiu em meio à crise econômica e à hiperinflação.

    "Me aguardem", costuma dizer a quem pergunta como cumprirá as promessas de campanha num cenário de recessão na economia.

    Sucessor e antigo aliado do arquiteto Jaime Lerner, ele se elegeu com o bordão "Volta, Curitiba". Prometeu casas com energia fotovoltaica, coworkings e incubadoras de start-ups, a revitalização de bairros e mutirões de consultas médicas e cirurgias. "Se está difícil para o Gustavo [Fruet (PDT), atual prefeito], deixa que eu faço", dizia. Agora, fala que haverá "sucessivas doçuras após o amargor".

    Ainda em dezembro, Greca anunciou o adiamento da Oficina de Música de Curitiba, evento realizado há mais de 30 anos em janeiro, com músicos do mundo todo. O argumento é que não há dinheiro suficiente e que toda a verba será redirecionada à saúde.

    "Enquanto houver dor em espaço público, não pode haver música", declarou.

    O anúncio foi criticado no meio cultural. Artistas protestaram, dizendo que opor música a saúde era "uma disputa artificial" e que o evento era um patrimônio da cidade. Greca rebateu dizendo que quem reclamava "eram as pessoas que ganham com o evento".

    A pasta da Saúde deve ser o destino preferencial dos recursos no início do mandato. Hoje, a cidade investe mais em saúde com recursos próprios do que o governo federal na manutenção dos equipamentos de saúde. Atrasa, porém, repasses aos hospitais. A crise fez a demanda crescer 40%.

    O transporte público é outra bomba-relógio: a gestão de Fruet está com repasses às concessionárias de ônibus atrasados. Motoristas e cobradores já fizeram paralisações no final do ano e prometem greve geral se o problema continuar em 2017.

    Aliado do governador Beto Richa (PSDB), Greca já anunciou a volta do subsídio estadual ao transporte.

    *

    Raio-x de Curitiba

    População: 1,89 milhão de habitantes
    Prefeito que sai: Gustavo Fruet (PDT)
    Prefeito que entra: Rafael Greca (PMN)
    Orçamento geral para 2017 (previsão): R$ 8,6 bilhões
    Orçamento de investimentos para 2017 (previsão): R$ 647 milhões

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