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    Rio de Janeiro

    Crivella defende corte de gastos e cita Edir Macedo em discurso de posse

    ITALO NOGUEIRA
    DO RIO

    01/01/2017 14h39 - Atualizado às 23h16

    Reprodução/GloboNews
    Novo prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella toma posse
    Prefeito eleito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, em discurso de posse neste domingo (1º)

    O prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), tomou posse do cargo neste domingo (1º) determinando corte de gastos e de cargos comissionados na estrutura municipal. Ao mesmo tempo, sinalizou com a possibilidade de aumento de impostos, como o IPTU. Em seu discurso, Crivella, bispo licenciado da Igreja Universal, também agradeceu ao eleitorado evangélico e citou o tio, bispo Edir Macedo, líder da denominação.

    O novo prefeito impôs como meta a redução de 50% no gasto com cargos comissionados e de 25% nos contratos em vigor. Também criou um grupo para identificar casos de supersalários no município. "As chamadas mordomias são uns dos símbolos mais execráveis de abuso do poder público. Nesse momento de grave crise, é preciso enfrentar essa questão", disse em discurso na Câmara Municipal.

    Crivella determinou a auditoria nos gastos dos últimos oito meses de seu antecessor no cargo, Eduardo Paes (PMDB). O objetivo é avaliar se decisões administrativas tomadas pelo peemedebista geraram custos continuados para a nova gestão, o que é vedado por lei. Ele determinou ainda a análise de todos os contratos celebrados sem licitação ainda em vigor.

    O prefeito solicitou relatório sobre toda a carteira de investimentos previstos para este ano. Até nova ordem, os gastos com obras estão contingenciados, segundo decreto da nova gestão. O novo prefeito do Rio afirmou que essas medidas "dão legitimidade para pedir aos demais que sigam o exemplo de austeridade".

    Crivella sinalizou, assim, com aumento de impostos. Por exemplo, com a revisão da planta genérica do IPTU e o fim da isenção em algumas áreas. "A diretriz é conciliar a capacidade do contribuinte com o índice do IPTU. Existe muito imóvel que não paga IPTU", afirmou ele. Citou ainda a possibilidade de criação de uma "taxa de turismo" a ser cobrada a cada hóspede dos hotéis da cidade, "entre R$ 4 e R$ 5".

    EVANGÉLICOS

    No discurso, Crivella (PRB) agradeceu aos eleitores evangélicos por sua eleição. "Segundo os institutos de pesquisa, 90% desses eleitores votaram em mim. Nem nos meus sonhos mais otimistas imaginava isso", disse. Ele também mencionou o líder da Universal, Edir Macedo, como autor da "mais linda frase" sobre a família: "Deus é pai, filho e Espírito Santo. Deus é família".

    Um dos convidados para a cerimônia de transmissão de posse foi o pastor Silas Malafaia, classificado pelo novo prefeito como "um dos mais aguerridos e autênticos líderes evangélicos". "Vamos lutar por esse Rio de Janeiro que precisa de fé", disse ao pastor.

    Líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, Malafaia foi um dos alvos no mês passado de operação da PF que investiga suposta organização criminosa que praticou corrupção em cobranças de royalties da exploração mineral. Ele nega as suspeitas.

    O arcebispo do Rio, dom Orani Tempesta, também estava presente ao evento de posse do prefeito e recebeu homenagens de Crivella. A cerimônia foi marcada pela troca de gentilezas com o antecessor, Eduardo Paes (PMDB). Crivella elogiou a administração do peemedebista em relação às obras realizadas. Contudo, buscou marcar diferenças nas gestões.

    "O governo que termina foi muito exitoso, de muitas realizações. Pontes, túneis, estádios, grandes eventos. O que começa agora é um governo austero, que encontra uma dívida social. Porque nos momentos em que tínhamos que cumprir os compromissos de uma agenda internacional, se acrescentaram demandas que agora são mais do que urgente, são intransferíveis", disse o novo prefeito, que impôs metas para setores como saúde, educação e transporte.

    O novo secretário de Saúde, Carlos Eduardo (SD), deve apresentar planos para ampliar em 20% o número de leitos do SUS, para reduzir a fila no atendimento de usuários e para implantar policlínicas de especialistas. Uma das medidas estudadas por Crivella é trocar dívidas tributárias de operadores de saúde por atendimento médico e cirurgias.

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