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    Massacre em presídios

    Vídeo mostra disparos de bala de borracha à queima-roupa em RR

    RUBENS VALENTE
    MARLENE BERGAMO
    ENVIADOS ESPECIAIS A BOA VISTA

    06/01/2017 21h10

    Um vídeo que circula entre familiares de detentos da penitenciária de Boa Vista (RR), na qual 31 foram chacinados na madrugada desta sexta-feira (6), mostra policiais militares atirando a curta distância balas de borracha nas costas de presidiários aparentemente desarmados e já dominados. As imagens teriam sido feitas, segundo familiares, após a chacina ter ocorrido no presídio.

    Familiares que pediram para não ter o nome publicado disseram à Folha, na estrada de acesso à entrada principal da Pamc (Penitenciária Agrícola de Monte Cristo), que há feridos por balas de borracha no presídio e que um detento teria recebido um disparo na boca. O governo disse que não teria como confirmar as afirmações.

    O vídeo também mostra que os policiais não miravam nas pernas dos presos, e sim na altura do tórax. O disparo de balas de borracha à queima-roupa e acima da cintura pode provocar mortes e traumas. Estudos recomendam uma distância segura para uso do armamento, que já deixou pessoas cegas durante protestos em São Paulo.

    O vídeo mostra os policiais militares, encapuzados, gritando para vários presidiários começarem a correr por um corredor. "'Bora, caralho, 'bora". "Vai, vai, filho da puta!", dizem os policiais militares, que em seguida atiram balas de borracha com espingardas.

    A Folha exibiu as imagens para o secretário de Justiça e Cidadania de Roraima, Uziel Castro, responsável pelo sistema penitenciário, na sede do Plácio do Governo de Roraima por volta das 16h desta sexta-feira (6). Ele respondeu à Folha: "O que você acha que tinha que fazer? Esses caras estão fazendo o quê, estavam na missa, rezando?"

    A reportagem pediu que o secretário falasse sobre a distância dos tiros, mas ele disse que não faria comentários. Demonstrando irritação com as perguntas, ele deixou a sala em que ocorria a entrevista.

    Logo depois, a assessoria de comunicação do governo de Roraima disse que o secretário preferiu não se manifestar sobre o assunto. A Folha indagou se alguma providência será tomada para investigar o uso do armamento, mas não houve resposta até o fechamento deste texto.

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