Após quase quatro anos juntos, Luciano descobriu que Lucas fazia doações a instituições de caridade. A informação ser novidade no casal dizia muito sobre a personalidade do rapaz. Era o tipo de pessoa que gostava de ajudar os outros sem esperar nada em troca, sem fazer alarde.

Paulistano crescido na zona norte da cidade, Lucas foi criado em uma família humilde, que construía as suas próprias casas.

O menino chamava atenção por, desde criança, dar palpite nessas edificações. O fascínio por casas e prédios o levaria a estudar arquitetura na juventude. Mesmo quando viajava a lazer ao exterior, programava roteiros calcados na arquitetura dos lugares.

Com forte senso político, fazia a sua parte pelo que acreditava ser um mundo melhor. Frequentava diversas manifestações, como as pela queda da tarifa de ônibus e as de cicloativismo –tinha a bicicleta como o seu principal meio de transporte.

Nos últimos anos, pensou em se afastar dos escritórios de arquitetura na metrópole e ir morar em Porto de Pedra, Alagoas. Com Luciano, tinha o projeto de montar uma cooperativa de marceneiros na região e uma pousada perto do mar –a última paixão era o mergulho com snorkel, em águas rasas.

Na quarta-feira (4), em Paraty (RJ), entrou no mar com o filho de 12 anos de uma amiga. O mar estava traiçoeiro e o menino, Pedro, começou a se afogar. Lucas conseguiu salvar o garoto, mas foi traído pela turbulência.

Morreu por afogamento, aos 33. Deixa o companheiro Luciano, os pais, Valdomiro e Irany, e o irmão Fábio.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

-

Veja os anúncios de mortes

Veja os anúncios de missas