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Cotidiano
Saturday, 18-May-2024 12:34:20 -03Armando Deyrmendjian (1940-2016)
Mortes: Mantenedor da cultura culinária armênia
PAULO GOMES
DE SÃO PAULO10/01/2017 00h00
O sobrenome difícil guarda duas informações sobre Armando Deyrmendjian. A primeira é a ascendência armênia, que o "ian" entrega. A segunda, a tradução, denuncia o ofício familiar: segundo o filho, significa "aquele que mexe com farinha".
Seu pai veio pequeno ao Brasil, com a família em fuga do genocídio armênio -o avô chegou a ficar em campos de trabalho forçado.
Instalados na Luz, reduto armênio em São Paulo, os Deyrmendjian abriram uma sapataria, mas o negócio faliu. A saída foi apostar no dom que estava no sangue. Nascia então a Effendi, em 1973, tradicional esfirraria do bairro.
Palmeirense, Armando chegou a jogar como centroavante nas categorias de base do clube. Lá ganhou o apelido de "Armé", um misto de referência a seu nome e sua origem. Ligado à família, não seguiu adiante e logo tomou parte nos negócios.
Fumante inveterado, boca suja e apostador de jogos de azar, tinha fama de garanhão na "rua das noivas" –até o dia em que, já com mais de 40, conheceu a vendedora Dária.
Quando a viu, soube que era a mulher da sua vida. Casaram-se e tiveram dois filhos. Ao menino, dizia que seria o seu sucessor na esfirraria, ainda que a criança não soubesse o significado da palavra.
Nos últimos anos, teve a lucidez comprometida pela demência. Em outubro, a filha se casou. Há tempos sem reconhecer os filhos como tais, Armando pronunciou: "Como você está linda, minha filha."
Morreu no último dia de 2016, de insuficiência respiratória, em Santos (SP). Deixa a mulher, Dária, e os filhos Armando e Verônica.
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