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    Massacre em presídios

    Presos ameaçados no AM trocam duas vezes de presídio em menos de um dia

    FABIANO MAISONNAVE
    DE MANAUS

    10/01/2017 10h34 - Atualizado às 21h07

    Edmar Barros/Futura Press/Folhapress
    Força Nacional desembarca na base aérea de Manaus para reforçar segurança de presídios
    Força Nacional desembarca na base aérea de Manaus para reforçar segurança de presídios

    Em mais um sinal da situação caótica do sistema carcerário do Amazonas, 20 presos ameaçados de morte foram transferidos duas vezes de cidade em menos de 24 horas.

    O grupo estava no Complexo Penitenciário Anísio Jobim durante o massacre do Ano Novo, que deixou ao menos 56 mortos. Por segurança, foram transferidos no dia seguinte para uma cadeia pública, no centro de Manaus, desativada desde outubro.

    A medida não evitou que quatro detentos fossem mortos no local, no domingo (8). Desses, três foram decapitados. Outros dois conseguiram fugir do local, atualmente com cerca de 270 presos.

    Na manhã desta segunda (9), os 20 presos foram levados a uma prisão em Itacoatiara, a 270 km de Manaus, mas uma decisão judicial fez com que eles voltassem à cadeia pública na madrugada desta terça-feira (10).

    "A ida pra Itacoatiara foi uma tentativa. Lá, seria o mesmo risco, num local que não tem risco. E até então a gente não sabia, só soube quando chegou lá. E tem menos recursos pra proteger esse pessoal lá", admitiu o secretário estadual de Segurança Pública, Sérgio Fontes, em entrevista nesta terça (10).

    Editoria de arte/Folhapress
    VAIVÉM DOS PRESOSGrupo de 20 detentos no AM já foi transferido três vezes

    O secretário diz que a cadeia voltou a ser a melhor opção por ser um local de controle mais fácil. Segundo ele, a briga de domingo foi controlada pela PM em 15 minutos.

    Sobre o grupo transferido, o secretário disse que "é o tipo de preso que ninguém quer". "O PCC [Primeiro Comando da Capital] não quer, a FDN [Família do Norte] não quer, ninguém quer. Estuprador, ex-policial, assaltante que eles entendem que traiu as facções, latrocida."

    As duas facções estão em guerra no Amazonas pelo controle do narcotráfico. A FDN, aliada da facção carioca Comando Vermelho contra o PCC, foi responsabilizada pelo massacre no Ano Novo.

    'NÃO TEM COM EVITAR'

    Em suas primeiras declarações sobre as quatro mortes de domingo, o secretário disse que não havia como impedir os assassinatos. "Eles matam quatro em três minutos. A polícia não tem como evitar. Se tivessem dez agentes penitenciários, não iam impedir de matar os quatro. Se tivesse todo o pelotão de choque, não ia impedir, porque até se preparar para entrar, já tinham matado."

    Por outro lado, o secretário comemorou a chegada de 99 homens da Força Nacional. A partir desta quarta (11), eles atuarão na segurança externa do presídio de Manaus. Com o reforço, o governo espera liberar mais policiais do Estado para trabalhar na recaptura dos presos que fugiram no Ano Novo, além de dois que escaparam no domingo da cadeia pública.

    Mais três detentos foram presos nesta terça (10). Com isso, são 73 recapturados e 113 foragidos, dos quais 111 fugiram na virada do ano.

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