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    Massacre em presídios

    Diretor de presídio suspeito de receber dinheiro de facção é exonerado no AM

    LEANDRO PRAZERES
    DO UOL

    10/01/2017 18h04

    O governo do Estado do Amazonas anunciou nesta terça-feira (10) a exoneração do diretor interino do Compaj (Complexo Penitenciário Anísio Jobim) José Carvalho da Silva, acusado por dois presos que morreram no massacre do último dia 1º de receber dinheiro da facção criminosa FDN (Família do Norte) para facilitar a entrada de drogas, armas e telefones celulares na penitenciária. As denúncias foram feitas por meio de duas cartas enviadas à Justiça do Amazonas no dia 14 de dezembro, 18 dias antes da rebelião ocorrida em Manaus.

    As cartas que denunciaram José Carvalho foram escritas por dois presidiários mortos durante a rebelião do dia 1º de janeiro: Gezildo Nunes da Silva e Alciney Gomes da Silveira. Nelas, os detentos diziam estarem sendo vítimas de perseguição por parte de José Carvalho porque o diretor saberia que alguns detentos conheciam a sua suposta ligação com a FDN.

    "Querem nos tirar [da ala segura do presídio] só pelo fato de nós internos sabemos (sic) que eles são corrupto e recebem dinheiro da facção FDN, facilitando a entrada de armas, drogas, celulares", diz um trecho da carta. Em nota, a Seap (Secretaria de Estado de Administração Penitenciária) do Amazonas informou que abriu uma sindicância para apurar as acusações contra José Carvalho.

    Em relação às cartas enviadas por Gezildo e Alciney, o juiz da Vara de Execuções Penais da Justiça do Amazonas, Luiz Carlos Valois, disse, por meio da assessoria de imprensa do TJAM (Tribunal de Justiça do Amazonas), "que não recebeu o documento [as cartas] em mãos e nem foi procurado pelo defensor ou advogado dos presos para tratar do referido assunto".

    A assessoria de imprensa do TJAM disse ainda que a Corregedoria Geral do órgão abriu um procedimento para investigar o caso.

    Desde o início do ano, o sistema prisional do Amazonas vive uma crise após uma série de rebeliões que resultaram na morte de pelo menos 60 presos. As mortes, segundo investigações preliminares, teriam sido praticadas por integrantes da FDN com o objetivo de eliminar rivais do PCC (Primeiro Comando da Capital).

    A crise atingiu o Estado vizinho de Roraima, onde 33 presos foram mortos durante uma rebelião quatro dias depois do motim no Amazonas. As mortes aconteceram no Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, na zona rural de Boa Vista. As mortes no sistema penitenciário dos dois Estados fizeram com que o governo federal enviasse tropas da Força Nacional de Segurança tanto para Roraima quanto para o Amazonas.

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