Da voz afetada e gritos característicos do Pateta até o tom calmo e misterioso do senhor Olivaras, de Harry Potter. O dedo, ou melhor, a voz de Telmo de Avelar acompanhou a infância de gerações.

A filha única se recorda dele diante da TV analisando as aberturas de boca e movimento dos rostos de atores e animações enquanto fazia a tradução e dublagem de filmes. "Tinha uma preocupação muito grande que o personagem parecesse falar mesmo português", diz Isabela.

Curitibano, Telmo começou na vida artística durante a adolescência, levado pelo irmão mais velho para figurar em uma peça. Gostou tanto que retomou quando adulto, já morando na capital fluminense. Mas não ficou apenas nas peças de teatro, fez carreira também nas radionovelas e na televisão. Trabalhou em novelas como "Irmãos Coragem" e "Pai Herói", ambas da TV Globo, nos anos 1970.

Nesse processo, acabou trocando o Perle Münch pelo Avelar -achava mais imponente que o sobrenome alemão que herdara dos pais.

Começou nas dublagens nos anos 1960, em séries como "Perdidos no Espaço" e "O Túnel do Tempo", o que acabou se tornando sua adoração. Depois veio tradução e direção de dublagens de filmes e animações, principalmente da Disney. Foi responsável pela versão da música "Eu vou", cantada pelos anões da Branca de Neve e "Sentimentos são", de "A Bela e a Fera".

Aposentou-se já perto dos 80 anos. Depois de uma certa resistência, comenta a filha.

Morreu no último dia 9, aos 93 anos, em decorrência de um câncer. Deixa a mulher, Teresa, a filha e dois netos.

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