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    Massacre em presídios

    Nove presos feridos em rebelião no RN são atendidos em hospital de Natal

    DE SÃO PAULO
    DA AGÊNCIA BRASIL

    16/01/2017 15h13

    ASCOM/HMWG
    Nove presidiários feridos em alcaçuz são atendidos no Pronto Socorro. Nove presos feridos durante a rebelião iniciada no sábado (14) na penitenciária de Alcaçuz foram transferidos para o Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel (HMWG). Com fraturas expostas e ferimentos por arma de fogo, os presos chegaram em três ambulâncias do Serviço Móvel de Atendimento de Urgência (Samu) e em uma da Secretaria de Justiça do RN (Sejuc), foram atendidos no setor de politrauma e, devido a baixa gravidade dos ferimentos, nenhum dos presos corre risco de morte
    Feridos são atendidos n'o Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, em Natal (RN)

    Nove presos feridos durante a rebelião iniciada no sábado (14) na penitenciária de Alcaçuz, região metropolitana de Natal (RN), foram transferidos para um hospital geral da capital potiguar.

    Os detentos chegaram ao Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel com fraturas expostas e ferimentos por arma de fogo. Segundo informações da unidade, os ferimentos são de baixa gravidade e nenhum corre o risco de morrer. Mas não há previsão de alta.

    Três ambulâncias do Samu (Serviço Móvel de Atendimento de Urgência) e em uma da Secretaria de Justiça do Rio Grande do Norte fizeram a transferências dos presos feridos.

    O hospital chegou a adotar medidas para atender mais feridos durante a rebelião, como transferências de pacientes para outras alas. "Alertamos os técnicos de enfermagem para dar suporte se necessário, já deixamos as bandejas de punções prontas e deixamos de alerta todos os cirurgiões, assim como todo o Centro Cirúrgico também", disse a enfermeira do setor de politrauma, Ana Elisa, segundo nota oficial do hospital.

    A rebelião iniciada no sábado (14), motivada pela guerra entre facções criminosas, deixou 26 mortos. A Secretaria da Justiça e da Cidadania do Rio Grande do Norte, entretanto, suspeita que há outros mortos. A pasta já solicitou à Companhia de Águas e Esgotos do Estado que inspecione as fossas existentes no interior da unidade.

    Nesta segunda-feira (16), detentos provocaram um novo motim. Detentos ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital) e ao rival Sindicato do Crime estavam em lados opostos da unidade, em cima do telhado, desafiando-se com gritos de guerra.

    MASSACRE EM ALCAÇUZ

    A rebelião em Alcaçuz foi motivada por uma briga nos pavilhões 4 e 5 do presídio envolvendo as facções PCC e Sindicato do Crime. Segundo o governo, todos os mortos são ligados ao Sindicato do Crime. Houve uma invasão de um pavilhão por presos inimigos, o que deu início ao motim.

    A matança é mais um capítulo da crise penitenciária no país: é o terceiro massacre em presídios em apenas 15 dias. No total, 134 detentos já foram assassinados somente neste ano, 36% do total do ano passado, quando 372 presos foram mortos.

    O trabalho de identificação dos corpos começará nesta segunda e deve seguir por 30 dias, diz o governo –em Roraima, onde um motim deixou 33 mortos no dia 6, o governo demorou pouco mais de um dia para divulgar uma lista com os nomes de 31 vítimas. Dois dos presos mortos no Rio Grande do Norte foram carbonizados e todos os outros foram decapitados.

    Segundo o diretor do Itep (Instituto Técnico Científico de Perícia), Marcos Brandão, não há marcas aparentes de perfuração por balas nos corpos, apenas por instrumentos cortantes –ainda é preciso fazer necropsia nos corpos para identificar as causas de morte. Agentes encontraram dentro do presídio uma pistola caseira, de um cano feita manualmente, e granadas não letais, que não foram usadas, segundo o governo.

    MORTES EM PRESÍDIOS

    Com mais essas 26 mortes, o número de assassinatos em presídios pelo país chega a 134 casos nas primeiras duas semanas do ano. As mortes já equivalem a mais de 36% do total registrado em todo ano passado. Em 2016, foram ao menos 372 assassinatos –média de uma morte a cada dia nas penitenciárias do país. O Estado do Amazonas lidera o número de mortes em presídios com 67 assassinatos, seguido por Roraima (33).

    No dia 1° de janeiro, um massacre no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) deixou deixa 56 mortos em Manaus (AM), após motim que durou 17 horas. No dia seguinte, mais quatro detentos morrem na Unidade Prisional de Puraquequara (UPP), também em Manaus.

    Seis dias depois, uma rebelião na cadeia de Raimundo Vidal Pessoa deixou quatro mortos. Logo em seguida, três corpos foram encontrados em mata ao lado do Compaj. Com isso, subiu para 67 o total de presos mortos no Amazonas.

    No dia 4 de janeiro, dois presos são mortos em rebelião na Penitenciária Romero Nóbrega, em Patos, no Sertão da Paraíba. Dois dias depois, 33 presos são mortos na maior prisão de Roraima, a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Boa Vista.

    Na tarde de quinta (12), dois detentos foram mortos na Casa de Custódia, conhecida como Cadeião, em Maceió (AL). O presídio, destinado a abrigar presos provisórios, fica dentro do Complexo Penitenciário, em Maceió (AL). Jonathan Marques Tavares e Alexsandro Neves Breno estavam nos módulos 1 e 2 da cadeia, respectivamente.

    No mesmo dia, dois presos foram mortos em São Paulo, na Penitenciária de Tupi Paulista (a 561 km da capital paulista). A Secretaria da Administração Penitenciária informou que eles morreram durante uma briga em uma das celas.

    Neste domingo (15), uma fuga na Penitenciária Estadual de Piraquara, no Paraná, deixou dois mortos. Um grupo explodiu, pelo lado de fora, um muro da penitenciária, que concentra membros da facção PCC (Primeiro Comando da Capital), segundo agentes penitenciários ouvidos pela Folha.

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