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    Lojas no centro de SP são roubadas após tumulto na região da cracolândia

    DE SÃO PAULO

    18/01/2017 10h53

    Comerciantes do centro de São Paulo foram surpreendidos na manhã desta quarta-feira (18) ao ver suas lojas destruídas e roubadas após confronto entre a Polícia Militar e moradores de rua na região da cracolândia na noite desta terça (17).

    A Secretaria da Segurança Pública informou que oito pessoas foram detidas e levadas para o 2° DP (Bom Retiro) por furto, danos e arrombamento de lojas. Além disso, um policial ficou ferido na boca e foi encaminhado para a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo –seu estado de saúde não foi informado. Foram, segundo a PM, ao menos três policiais com ferimentos na boca e cabeça por conta de objetos lançados contra eles.

    O problema começou ainda no final da tarde, quando, segundo a polícia, dependentes atiraram pedras contra uma base da corporação. O incidente foi na base da PM no largo Coração de Jesus, de acordo com comerciantes da área –na esquina com a alameda Dino Bueno, portanto, onde fica o fluxo de usuários de crack.

    Usuários fizeram barricadas, ateando fogo em objetos na entrada da rua, e foi solicitado reforço policial, recebido com novos lançamentos de paus e pedras. A PM revidou com bombas de efeito moral e tiros com balas de borracha, o que provocou correria.

    Os dependentes químicos se dispersaram pelas avenida Duque de Caxias, e um grupo arrombou portões de uma loja de calçados, roubando produtos que estavam na vitrine. Ao menos seis lojas foram saqueadas, segundo a polícia, como a loja de materiais elétricos na rua Santa Ifigência (veja vídeo abaixo). A polícia informou ainda que algumas lojas da avenida Duque de Caixas e da rua dos Andradas também tiveram produtos roubados.

    Roubo a loja de materiais elétricos na Santa Ifigênia

    PROVOCAÇÃO

    Segundo relatos de moradores de rua ouvidos pela reportagem, no entanto, os policiais provocaram a reação dos usuários de droga. A prática é comum na região, como conta Raphael Escobar, do grupo com atuação em defesa dos direitos humanos na cracolândia A Craco Resiste. "Eles tratam mal, ficam chutando os moradores de rua, instigando uma reação", diz Escobar.

    Uma das integrantes do coletivo, a antropóloga Roberta Marcondes conta que um policial ameaçou atirar na direção do grupo. "Estávamos tentando passar e ele mandou a gente voltar. Falei 'a gente é dos direitos humanos' e ele respondeu 'foda-se!'", afirma Marcondes.

    O grupo é contra a desarticulação dos programas de atendimento aos dependentes químicos na região. A gestão do prefeito João Doria (PSDB) já tinha anunciado o encerramento do Braços Abertos, programa da gestão anterior, de Fernando Haddad (PT).

    Como uma das vitrines do tucano são as ações de zeladoria na cidade, como a promoção de mutirões de varrição e a campanha contra pichações, a expectativa tanto de dependentes químicos quanto de ativistas é a de que Doria, que em dezembro manifestou a intenção de ampliar a presença policial na cracolândia, promova em breve uma ação policial no local, em conjunto com o governo Alckmin.

    Descaminhos da cracolândia

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