Arquivo pessoal | ||
Anna Lia Amaral de Almeida Prado (1925-2017) |
-
-
Cotidiano
Tuesday, 07-May-2024 23:48:52 -03Anna Lia Amaral de Almeida Prado (1925-2017)
Mortes: Tenaz educadora mesmo fora das classes
PAULO GOMES
DE SÃO PAULO23/01/2017 00h00
Experiente tradutora experiente de clássicos literários, Anna Lia recebeu nos últimos anos de vida a proposta de traduzir "O que Aristóteles Pensou sobre o Lugar", de Henri Bergson.
O desafio era duplo. Já debilitada pela idade, Lia tinha dificuldades para lidar com a tecnologia. Seu domínio das línguas, no entanto, estava intocado –tanto quanto a sua obstinação. Com a ajuda das sobrinhas-netas, concluiu a versão da obra.
Desde criança levava jeito para a educação formal. O pai teve que forjar documentos para que ela pudesse cursar a 5ª série antes da idade. Aos 16, já dava aulas no primário. Formou-se em letras clássicas, com doutorado em língua e literatura grega pela USP (Universidade de São Paulo), onde ocupou a cadeira do idioma por décadas.
Era rigorosa com suas aulas e consigo. Certa vez, confundiu as datas e faltou na aula inaugural do curso, que calhou de ser no dia de seu aniversário. Martirizava-se por ter feito isso com os alunos. Em outra ocasião, lecionou com o braço quebrado, pedindo a um colega para escrever por ela se necessário.
Em vez de repreender alunos que erravam, transformava os equívocos em uma nova lição, traçando paralelos com outras línguas e, assim, fixando conhecimento.
O talento como educadora foi além das salas de aula. As mesmas sobrinhas-netas que a auxiliaram no fim da vida foram praticamente alfabetizadas por ela em casa. Sagaz, Lia utilizou brincadeiras com palavras para desenvolver o interesse nas crianças.
Morreu no dia 15, após uma infecção generalizada. Deixa sobrinhos e sobrinhos-netos.
coluna.obituario@grupofolha.com.br
-
Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br
Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.brPublicidade -