Moradores do Bexiga, no centro de São Paulo, tentam neste ano resgatar uma tradição de mais de 30 anos: a montagem do bolo gigante de aniversário de São Paulo, quase esquecida desde 2009.

Sem patrocínio para a confecção do doce, a ideia para comemorar os 463 anos da capital paulista foi pedir a contribuição de moradores e das cantinas do bairro para fazerem bolos que na manhã desta quarta-feira (25) serão distribuídos ao meio-dia na rua Rui Barbosa (no número 300).

"Em sua origem, o bolo era uma contribuição das famílias do bairro. Com o tempo, foi crescendo e foi preciso ajuda de patrocinadores", diz Thais Taverna, 34, uma das organizadoras do bolo deste ano.

Thais é neta de Walter Taverna, 83, dono da cantina Conchetta, além de ser uma espécie agitador cultural do Bexiga. Durante anos foi ele quem organizou o bolo de aniversário do bairro.

Walter lembra com saudade a hora que chamava de "ataque ao bolo", quando o público avançava sobre o bolo. Em questão de segundos, já não havia mais nada sobre as mesas. "Aquilo era minha arma secreta, atraía gente e jornalista de todo canto".

A festa enfraqueceu em 2009, quando indústrias alimentícias decidiram cancelar a ajuda da festa. No ano anterior, comediantes do programa de TV Pânico incentivaram uma "guerra de comida" com o bolo. Para organizadores da festa, a desordem afastou financiadores.

Em 2017, o radialista Gleison Pego e a sua mãe Maria Pego, 61, cozinharam na tarde desta terça-feira (24) o bolo que doarão à festa. "Quando eu era menino, ficava na rua desde cedo, só à espera de pegar o bolo. Agora é minha vez de ajudar", diz Gleison.

A chef da cantina Mamma Celeste, Marta Fuzinato, 42, diz esperar que a mobilização deste ano retome o costume no bairro. "Tem que ter o bolo todo ano, já faz parte do aniversário de São Paulo."

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