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    Depois de vaias e críticas, Doria diz que pagará cachê e tinta a grafiteiros

    ARTUR RODRIGUES
    DE SÃO PAULO

    26/01/2017 12h15 - Atualizado às 18h36

    Depois de receber críticas de artistas urbanos e de ser vaiado em evento no aniversário de São Paulo, o prefeito João Doria (PSDB) lançou nesta quinta-feira (26) um projeto que prevê remunerar grafiteiros e pagar suas tintas, como parte de um museu a céu aberto espalhado pela cidade.

    O programa, batizado como MAR (Museu de Arte de Rua), começará pela região do Baixo Augusta (centro da capital), e será reeditado a cada três meses em um bairro diferente da cidade.

    "Como serão várias áreas, creio que teremos oportunidade de abrigar vários desses artistas, de maneira escalonada", disse Doria.

    A gestão de Fernando Haddad (PT) já havia pago cachê de R$ 2.000 a cada um dos 450 grafiteiros que pintaram murais na avenida 23 de Maio. A gestão Doria mandou apagar na última semana, justificando que as obras estavam pichadas.

    Alvo de críticas por pintar as paredes de cinza, o governo tucano resolveu antecipar seu programa de incentivo à arte de rua. "A gente já tinha isso de dezembro e iria anunciar em março, mas com o grafite tendo se tornado assunto tão importante a gente resolveu antecipar para mostrar que o grafite é fundamental nessa gestão", disse o secretário municipal da Cultura, André Sturm.

    Prevista para março, a primeira edição deve ter cerca de 150 artistas, com gastos estimados em R$ 800 mil.

    Sturm afirmou que será criada uma comissão para escolher os artistas. Eles terão de enviar currículos e informações sobre sua arte, mas não serão obrigados a dizer qual pintura farão nos murais.

    As obras ficarão tanto em paredes de imóveis públicos quanto privados –nesse último caso, só se os donos concordarem.

    A prefeitura estuda que os grafites fiquem nos locais por dois anos, para que depois possam ser substituídos por novas pinturas.

    DISPUTA

    O novo projeto de Doria foi anunciado na 23 de Maio, em frente à uma obra recém-restaurada da artista plástica Tomie Ohtake, em homenagem à imigração japonesa.

    A avenida virou cenário de disputa entre o tucano e grafiteiros e pichadores, desde que a prefeitura apagou a maioria dos grafites nos muros da via com tinta cinza.

    Numa resposta à ação, um dos murais poupados, do artista Eduardo Kobra, foi pichado com uma imagem de Doria pintando o muro.

    O tucano lamentou a ação e disse que agora o mural seria apagado, com consentimento de Kobra.

    Segundo Doria, não haverá novos grafites local, para onde está previsto outro projeto que não quis divulgar.

    Curador de parte das imagens apagadas, o grafiteiro Enivo classificou a ação como "um massacre".

    Ele afirma achar positivo haver um projeto do tipo, mas diz que continuará havendo grafite também em locais não permitidos.

    "A essência do grafite é a liberdade. Eu gosto de fazer trabalhos, ganhar cachê, acho ótimo, porém a minha essência de grafiteiro é pintar onde eu quiser pintar", afirma.

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