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    Donos de imóveis pichados em São Paulo somam prejuízos e desânimo

    DE SÃO PAULO

    29/01/2017 02h00

    Eduardo Anizelli/Folhapress
    Margarete Kurebayashi, 66, dona de pensão atacada por pichadores na região do Bexiga
    Margarete Kurebayashi, 66, dona de pensão atacada por pichadores na região do Bexiga, centro de SP

    Margarete mandou pintar o muro de sua pensão, no Bexiga (centro de São Paulo). Dias depois, já estava pichado.

    Um estúdio de cinema alugou o imóvel para rodar um filme e pintou de amarelo o paredão da casa, que tem quatro pavimentos e cerca de 40 metros de comprimento. Uma semana depois, já estava pichado novamente.

    "Eu não vou pintar de novo. Não adianta. Vou gastar dinheiro com tinta pra quê?", diz Margarete Kurebayashi, 66, resignada. Ela estima em R$ 10 mil uma pintura no paredão que, atualmente, tem pichação nos quatro níveis do imóvel. "Eu sei que fica feio, mas não tem o que fazer."

    Enquanto a gestão João Doria (PSDB) propõe o combate a pichadores em São Paulo, moradores da cidade contabilizam prejuízos, desvalorização de seus imóveis e desânimo motivados pela pichação.

    Assim como Margarete, quem também desistiu de pintar a fachada de casa foi o técnico em eletrônica Fábio Chueiri, 66, na rua Cardeal Arcoverde, na zona oeste.

    "Isso não tem jeito de evitar. Eles surgem de noite, quando você acorda já tem uma nova pichação", conta.

    Na outra esquina, nem mesmo a unidade do CVV (Centro de Valorização da Vida), que faz prevenção do suicídio voluntariamente, foi poupada.

    Até o fim do ano passado, a unidade também tinha sua fachada pichada. Na virada do ano, foi pintada. "Nós prestamos ajuda a todos, inclusive a pichadores", lamenta Antonio Batista, 63, coordenador da unidade Pinheiros. Sem financiamento externo, a pintura foi bancada pelos próprios voluntários.

    Na mesma rua, Dênis Alves, 39, dono de um antiquário, disse ter uma arma para combater as constantes pichações ao comércio. Irá contratar um grafiteiro para pintar a porta de sua loja. Como pagamento, oferecerá ao artista um móvel do antiquário.

    "A pichação é como se estivessem depredando meu imóvel, desvaloriza, afasta cliente, fica feio", explica.

    Diferentemente da gestão Doria, que tem apagado alguns grafites na capital paulista, como na avenida 23 de Maio, na zona sul, Dênis acredita que é necessário criar mais espaços para o grafite. Para ele, isso desestimula a ação de pichadores.

    "O pichador sabe que o que ele faz não é bonito. É a velha história, o pichador não picha a casa dele."

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