• Cotidiano

    Saturday, 18-May-2024 10:33:08 -03

    Rio de Janeiro

    Crivella nomeia filho para Casa Civil; recuos marcam 1º mês na prefeitura

    LUIZA FRANCO
    DO RIO

    02/02/2017 02h00 - Atualizado às 10h31

    Reprodução/Facebook
    Marcelo Hodge Crivella, filho do prefeito do Rio, nomeado para a Casa Civil da cidade
    Marcelo Hodge Crivella, filho do prefeito do Rio, nomeado para a Casa Civil da cidade

    Marcelo Crivella (PRB), fechou seu primeiro mês na Prefeitura do Rio nomeando seu filho, Marcelo Hodge Crivella, conhecido como "Marcelinho", para a Casa Civil do município.

    A nomeação foi publicada no Diário Oficial desta quinta-feira (2).

    É o segundo parente de Crivella a exercer funções na Prefeitura. Ele já havia nomeado sua mulher, Sylvia Jane Crivella, para coordenar a Obra Social na cidade.

    Com a nomeação Marcelinho, Ailton Cardoso da Silva, até então secretário da Casa Civil, foi nomeado chefe de gabinete do Prefeito.

    A estruturação da equipe de Crivella tem sido alvo de críticas. Constrangimento em nomeações e revelações de dívidas de seu vice marcaram seu primeiro mês na Prefeitura.

    Crivella recuou de cinco nomeações após revelações sobre os nomes. Além disso, enfrentou momento delicado com a divulgação dos débitos de Fernando Mac Dowell, vice-prefeito e secretário de Transporte, com a União e a própria prefeitura.

    Mac Dowell tem R$ 215 mil em dívidas de IPTU e taxa de coleta de lixo, conforme noticiado por "O Globo". Além disso, uma empresa dele deve quase R$ 235 mil de ISS (Imposto Sobre Serviços) à prefeitura e R$ 137,3 mil à União.

    "É o tipo de informação que um prefeito precisa ter sobre seu vice. Dá uma impressão de uma administração atabalhoada", diz o sociólogo da UFRJ Paulo Baía.

    Crivella defendeu Mac Dowell, dizendo que "todo contribuinte tem direito de negociar sua dívida". Diz ainda que ele já havia negociado o parcelamento do IPTU.

    Entre os recuos, revogou a indicação do advogado Arthur Fuks para a Subsecretaria de Inclusão Produtiva –que havia defendido, em rede social, morte de presidiários e prisão perpétua para crianças.

    O delegado da Polícia Federal Bráulio do Carmo seria responsável pela fiscalização das vans no Rio, mas acabou excluído após a divulgação de que é réu em Cuiabá por ter ferido uma pessoa em 2011 após dar tiros a esmo.

    Gabriel de Paiva/Ag. O Globo
    O prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), em cerimônia de posse do novo presidente da RioFilme nesta quarta (1º)
    O prefeito do Rio em cerimônia de posse do novo presidente da RioFilme nesta quarta (1º)

    O coronel bombeiro Claudio Rosa da Fonseca também deixou de ser nomeado para a Defesa Civil do município diante da revelação de que fora condenado por uso irregular de recursos públicos.

    Crivella recuou ainda da nomeação da merendeira e cantora gospel Nilzimar Higino Pereira para um cargo na secretaria de Transportes e do professor Paulo Cezar Ribeiro para a CET-Rio -ele solicitara que a prefeitura cobrisse seu salário na instituição.

    O especialista em gestão pública da FGV (Fundação Getulio Vargas) Marco Antonio Teixeira credita esses tropeços a dois fatores: a falta de quadros do partido do prefeito, o PRB, e a identidade pouco clara de sua gestão.

    "O PRB é o braço político de uma organização religiosa. Tem pouca representatividade na sociedade. Isso dificulta na hora de montar um corpo técnico", diz Teixeira.

    A prefeitura afirma que os nomeados com pendências na Justiça foram exonerados em até 24 horas. E destaca a redução da estrutura, para 12 secretarias. "Nesse processo, alguns casos foram reavaliados. Cargos comissionados foram reduzidos à metade e o retorno de parte deles se deveu a situações específicas" às secretarias, diz.

    Assim como o prefeito de SP, João Doria (PSDB), Crivella também teve agendas públicas de impacto midiático –em frente às câmeras, doou sangue, visitou hortas comunitárias e brincou em parques.

    Houve ainda pendências em obras iniciadas pela gestão anterior, que estão paradas há meses. A situação que afeta mais gente é a do BRT Transbrasil, que pretende ligar o centro à zona oeste pela avenida Brasil, uma das principais vias da cidade.

    Pelo corredor expresso, 47% construído até agora, passarão 820 mil pessoas por dia, mas elas terão que aguardar a negociação com o consórcio da construção, formado por Odebrecht, Queiroz Galvão e OAS. Faltam R$ 636,5 milhões para concluir a obra.

    SAÚDE

    A área que mais teve sinais de avanço foi a da saúde –para reduzir a fila de 140 mil pessoas à espera de cirurgias, consultas e exames.

    A gestão Crivella fez um mutirão de 80 cirurgias para atender as filas internas dos hospitais. Prevê mais nos próximos fins de semana. Também anunciou novas vagas em hospitais federais para cadastrados na rede municipal.

    "São medidas necessárias", afirma Leandro Farias, fundador da ONG Chega de Descaso, ressalvando ser cedo para fazer uma avaliação da gestão como um todo.

    A prefeitura aumentou os agentes da Guarda Municipal que patrulham a orla, que passaram a usar radiotransmissores na mesma frequência da PM para melhorar a integração entre as tropas.

    A decisão de revistar passageiros de ônibus que desembarcam nas praias da zona sul, porém, foi alvo de polêmica com entidades de direitos humanos.

    Colaborou LUCAS VETORAZZO, DO RIO

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024