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    Alalaô

    Blocos de SP migram do aquecimento ao calendário oficial do Carnaval

    JULIANA GRAGNANI
    DE SÃO PAULO

    03/02/2017 02h00 - Atualizado às 10h02

    Cada vez maior, o Carnaval paulistano aos poucos vai perdendo o medo de apostar nas datas que antes deixavam a cidade esvaziada. Se o pré-Carnaval em São Paulo continua forte e com uma grande concentração de blocos, os dias oficiais do feriado agora começam a ferver também.

    O páreo é equilibrado na região central, onde até agora estão confirmados 45 blocos no pré-Carnaval -no fim de semana dos dias 18 e 19 de fevereiro e na semana seguinte-, e 49 durante o feriado, de 24 a 28. Em Pinheiros, os dias que antecedem a folga ainda ganham: são 48 blocos ante 30 no Carnaval.

    No total, foram cadastrados 495 blocos em SP. O número de confirmados ainda não foi divulgado pela prefeitura. Se todos eles desfilarem, esse número representará um acréscimo de 30% desde o ano passado, ou quase o dobro do número de grupos que saíram dois anos atrás, 259.

    Essa explosão está fazendo São Paulo abandonar o medo de perder foliões para o Carnaval do Rio, por exemplo, com novos blocos escolhendo sair durante o feriado e antigos migrando de data.

    O Ritaleena, que reuniu quase 10 mil pessoas na rua dos Pinheiros (zona oeste) em 2016, por exemplo, vai ampliar o número de desfiles: além da saída no aquecimento, sairá também no domingo de Carnaval na Vila Mariana (zona sul). "Esse ano estamos apostando em sair no Carnaval também porque o pré ficou muito concorrido", diz Alessa Camarinha, 33, uma das fundadoras.

    Para ela, o público está mais interessado em ficar em São Paulo durante o feriado.

    Tanto que um de seus maiores blocos, o Acadêmicos do Baixo Augusta, que sai tradicionalmente no domingo pré-Carnaval -e que no ano passado levou 180 mil pessoas à rua da Consolação e esse ano espera levar 300 mil- pretende promover pela primeira vez atividades no próprio feriado, segundo um de seus fundadores, Alexandre Youssef.

    "O ressurgimento de Carnaval de rua em São Paulo começou mais no pré-Carnaval para atrair o interesse do público que estava acostumado a viajar. Com seu crescimento absurdo, novos blocos passaram a ocupar também o espaço do Carnaval", afirma Youssef. A tendência, avalia, é que esse movimento se equalize no ano que vem.

    Menos tradicional e bastante focado no público universitário -quase como uma festa de faculdade-, o Ma-que-Bloco (referência à Universidade Mackenzie), que antes saía só no pós-Carnaval, agora sairá no sábado do feriado. "Acrescentamos mais uma data porque acreditamos que vamos conseguir atrair mais público", diz um organizador, André Neves, 23.
    O Ramaloucos, grupo menor que em 2016 não conseguiu sair no pré por falta de público -e concorrência com os demais blocos da data-, migrou para o sábado, 24.

    No ano passado, os organizadores do Domingo Ela Não Vai, festa novata que estourou, escolheram sair no domingo de Carnaval justamente porque "era um dia mais tranquilo de blocos", segundo Alberto Pereira Jr., 30.

    No centro, onde seu bloco sai, o número de cordões antes e durante o Carnaval é mais equilibrado do que na zona oeste, "talvez pelo poder aquisitivo", sugere o prefeito regional de Pinheiros, Paulo Mathias. Ou seja, mais moradores de Pinheiros -e até organizadores de blocos-viajam no Carnaval, concentrando as celebrações no pré.

    Já o centro, com moradores viajando menos, é precursor na consolidação dos blocos durante o feriado oficial.

    Com a multiplicação de cordões, diversos deles quiseram marcar saídas nos mesmos dias e mesmos trajetos, diz o secretário municipal de Cultura, André Sturm. A prefeitura, segundo ele, fez um esforço para desconcentrar os blocos em mesmas datas.

    "O ideal é que o Carnaval crescesse durante o feriado, quando há menos trânsito na cidade e mais pessoas poderiam vir, tornando o evento efetivamente um de turismo."

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