• Cotidiano

    Tuesday, 07-May-2024 13:01:46 -03

    Mais da metade dos médicos formados em SP são reprovados em exame

    CLÁUDIA COLLUCCI
    DE SÃO PAULO

    08/02/2017 10h30 - Atualizado às 10h37

    Thinkstock
    Muitos dos recém-formados demonstraram não saber interpretar exames
    Muitos dos recém-formados demonstraram não saber interpretar exames

    Quase seis em cada dez médicos formados no Estado de São Paulo estão entrando no mercado de trabalho sem conhecimentos básicos de situações que envolvem o cuidado do paciente. Por exemplo: 80% não souberam interpretar uma radiografia e erraram o tratamento de paciente idoso.

    É o que aponta os resultados do exame do Cremesp 2016, divulgados nesta quarta (8) pelo conselho médico paulista. O Cremesp realiza o "provão" desde 2005.

    Os dados mostram que o índice de reprovação no ano passado cresceu em relação à prova de 2015 (56,4% contra 48,1%), mas, se mantêm na média em relação à série histórica da avaliação.

    MÉDICOS SOB AVALIAÇÃO - Mais da metade dos profissionais foi reprovada no exame neste ano (em %)

    "Com exceção do exame de 2015, nos últimos dez anos o índice de reprovação ficou acima de 50%. É preciso que as escolas médicas promovam melhorias nos métodos de ensino e imprimam mais rigor em seus sistemas de avaliação", diz Bráulio Luna Filho, diretor do Cremesp e coordenador do exame.

    Para a aprovação, o Cremesp exige que os alunos acertem mais de 60% das 120 questões da prova. Só 43,6% dos 2.766 participantes atingiram essa pontuação.

    ÁREAS PROBLEMÁTICAS

    Sete das nove áreas que abrangem a prova tiveram resultados insatisfatórios. As médias mais baixas foram em saúde pública/epidemiologia (49,1), pediatria (53,3) e obstetrícia (54,7). Segundo os resultados, 71% dos recém-formados não acertaram diagnóstico e tratamento para hipoglicemia de recém-nascido, problema comum nos bebês.

    Média de acertos por área -

    Outros 70% não souberam indicar a conduta adequada em paciente com crise hipertensiva, doença que acomete 25% da população brasileira. Como em anos anteriores, as escolas médicas privadas continuam com pior desempenho em relação às públicas (33,7% contra 62,2% de aprovação, respectivamente).

    Em ambas houve aumento de reprovação em relação a 2015. Entre as públicas, de 26,4% para 37,8%. Entre os cursos privados, de 58,8% para 66,3%. Atualmente, há 46 escolas médicas em atividade no Estado de São Paulo. Dessas, 30 foram avaliadas no exame de 2016. As demais, abertas há menos de seis anos, ainda não haviam formado turmas à época do exame.

    A prova não é obrigatória para exercer a profissão, embora instituições tradicionais, como USP, Unicamp, Unifesp e Santa Casa, tenham passado a exigi-la a partir do ano passado para entrar em programas de residência médica.

    PÚBLICAS X PRIVADAS EM 2016 - Em %

    CURSOS

    Para ajudar e acompanhar os formandos que reprovaram no exame, o Cremesp lançou o site Cremesp Educação, que oferece cursos online gratuitos aos que obtiveram nota inferior a 6.

    O curso é realizado em parceria com o Hospital Israelita Albert Einstein e é desenvolvido a partir das dificuldades apontadas pelo exame. Em novembro do ano passado, o Cremesp também lançou o programa Apem (Avaliação Periódica do Ensino Médico), em parceria com Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio-Libanês.

    O programa é baseado no modelo do National Boardof Medical Examiners (NBME), dos Estados Unidos, uma instituição independente que avalia o conhecimento dos estudantes de medicina americanos e canadenses.

    No Brasil, a avaliação será optativa aos alunos e escolas médicas interessadas. Terá duas etapas: ciclo básico, aplicado aos graduandos do 3º ano; e ciclo clínico, aos estudantes do 5º ano. O programa é gratuito e deve ter início em agosto deste ano.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024