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Cotidiano
Thursday, 02-May-2024 04:48:35 -03Pressionadas, mulheres de PMs do ES choram e rezam na frente de batalhão
CAROLINA LINHARES
ENVIADA ESPECIAL A VITÓRIA10/02/2017 20h11
Uma semana após o início do movimento, mulheres de policiais militares resistem à pressão e mantêm o bloqueio a batalhões da PM no Espírito Santo. No final da tarde desta sexta (10), algumas se agarravam ao portão do Batalhão de Missões Especiais para impedir a saída de um carro da corporação.
Emocionadas, elas choraram, cantaram o hino nacional e o hino do soldado capixaba, acompanhadas por policiais à paisana que também se posicionavam em frente ao portão para impedir a saída de PMs para patrulhamento. A medida é usada para forçar a paralisação, já que policiais militares são proibidos de fazer greve pela Constituição.
Onda de violência no ES PM está em motim desde o dia 3 de fevereiro Após uma semana de silêncio, Temer chama de 'ilegal' motim de PMs no ES Governo do Espírito Santo acusa 703 PMs amotinados por crime militar Pessoas devolvem produtos roubados em onda de saques no Espírito Santo Padilha defende Forças Armadas para 'evitar baderna' em protestos pelo país Segundo policiais que não quiseram se identificar, as mulheres são constantemente abordadas por colegas contrários ao movimento ameaçando tirá-las à força ou denunciar a presença de crianças ao conselho tutelar.
"Está todo mundo nervoso. Em 2017, vivemos uma ditadura militar", afirmou uma das mulheres. "Mas o movimento continua."
Outro policial afirmou que a punição anunciada pelo governo é pressão. "Não é verdade. Quem vai apurar recurso desses 700 processos? Quando vai ter concurso para repor isso?", questionou.
Nesta sexta, a Secretaria de Segurança Pública informou que 703 PMs foram indiciados pelo crime militar de revolta, que prevê de 8 a 20 anos de prisão. Esses policiais deixarão de receber salário e escalas extras desde o sábado passado (4) até o momento em que voltarem a trabalhar. O Estado tem cerca de 10 mil PMs.
As mulheres de policiais também poderão ser responsabilizadas pela paralisação. Segundo o secretário, por solicitação do Ministério Público Federal, elas estão sendo identificadas e poderão ser indiciadas em um processo civil. Ele não informou quantas delas.
Com o motim dos policiais, o Estado do Espírito Santo passa por uma onda de violência, com registro de saques e depredações, além de 127 homicídios, segundo o Sindicato dos Policiais Civis –o governo não confirma o número.
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