• Cotidiano

    Monday, 06-May-2024 10:35:34 -03

    Análise

    Doria corre pois sabe que paciência do paulistano tem limite

    EDUARDO SCOLESE
    EDITOR DE "COTIDIANO"

    12/02/2017 02h00

    O empresário e jornalista João Doria (PSDB) impôs um ritmo tão intenso em sua campanha eleitoral, com eventos e promessas a mil por hora, que logo se imaginou: esse aí, quando sentar na cadeira de prefeito, será engolido pela máquina burocrática da gestão paulistana.

    Mas o que se tem visto, ao menos por ora, é justamente o contrário. A prefeitura é que se adaptou a ele. O lado empresarial trouxe centenas de doações à cidade, de motos a banheiros químicos, e o lado workaholic de Doria obriga assessores e secretários municipais a ralar das 6h à meia-noite todos os dias.

    Não há moleza nem nos finais de semana, e isso caiu no gosto dos paulistanos, que acompanham as andanças e mudanças de figurino do prefeito por jornais, rádios e TVs e também pelas redes sociais do tucano. Toda essa exibição faz parte de uma estratégia.

    Datafolha avaliação Doria

    Em pouco mais de um mês no cargo, o novo prefeito colecionou uma série de ações extravagantes. Roupa de gari, enxada na mão, arremessos de basquete e viagem em ônibus lotado fizeram parte de sua agenda pública.

    Há algo de concreto também, como a prometida ampliação do limite de velocidade nas marginais Tietê e Pinheiros e o início a todo o vapor do programa que deverá zerar, em três meses, a fila de mais de 400 mil pessoas à espera de um exame médico na cidade.

    O clima de campanha entrou colado no início de gestão. Trapalhadas, como pintar de cinza os grafites da avenida 23 de maio, nem fizeram cócegas no prefeito. Buracos na rua, mato nas praças e semáforos apagados ainda são justificados pela prefeitura e aceitos pela população como herança da gestão anterior, de Fernando Haddad (PT).

    O mandato é de quatro anos, portanto comemorar um mês de sucesso de crítica seria prematuro. Todo esse exibicionismo irá se virar contra o prefeito, se, por exemplo, crescerem os acidentes nas marginais, os pacientes que fizerem exames médicos entrarem numa longa fila de cirurgias e os prometidos milhares de vagas em creches não avançarem.

    Por isso, Doria corre. Ele sabe que a tarifa de ônibus congelada e a paciência do paulistano não são eternos.

    Sabe também que não são apenas seus percentuais de aprovação que estão em jogo. O governador Geraldo Alckmin (PSDB), que o bancou desde as prévias tucanas, trabalha e torce para que uma boa gestão Doria o vitamine à disputa presidencial de 2018.

    Opinião dos paulistanos sobre o programa de ampliação de exames (em %)

    Opinião dos paulistanos sobre o aumento nos limites de velocidade (em %)

    Opinião dos paulistanos sobre zeladoria, pichações e grafites (em %)

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024