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    Comandantes controlam com cadernos a atividade de policiais no ES

    CAROLINA LINHARES
    ENVIADA ESPECIAL A VITÓRIA

    12/02/2017 09h31 - Atualizado às 15h45

    Uma nova convocação de apresentação reuniu cerca de 60 policiais militares na praça Oito, no centro de Vitória, por volta das 8h deste domingo (12).

    Com um caderno, os comandantes de cada grupo de policiais anotaram quem atendeu ao chamado. A Secretaria de Segurança do Estado informou que 875 policiais se apresentaram neste domingo, nas regiões Norte e Sul do Espírito Santo e na Grande Vitória.

    Durante a tarde, um outro chamado do comando da PM ordenou que policiais do Batalhão de Missões Especiais (BME) se apresentassem na Capitania dos Portos, a maior unidade da Marinha, em Vitória, às 13h. Segundo um deles, o BME tem cerca de 300 policiais e a maioria se apresentou, porém sem farda.

    Em vídeo divulgado pelas redes sociais, o secretário de Segurança, André Garcia, e o comandante-geral da PM, Nylton Rodrigues, afirmaram que os policiais estão voltando às ruas e pediram aos capixabas que os recebam bem.

    No sábado (11), o comandante-geral da PM no Espírito Santo, Nylton Rodrigues, convocou os policiais a se apresentarem em praças e locais públicos da cidade, de onde partiriam para patrulhar a pé. Cerca de 600 policiais responderam ao chamado.

    Na praça Oito, se concentram as divisões especializadas como cavalaria, trânsito e ambiental, por exemplo.

    Cerca de metade dos policiais na praça se apresentou fardado. Em seguida, se dividiram para patrulhar a região central.

    "A ideia é, a partir da convocação, identificar quais são os problemas. Se não vieram por falta de transporte, por que vieram sem farda, e tentar corrigir", afirmou o tenente coronel Ramalho, comandante do policiamento metropolitano.

    "É separar o joio do trigo, pra ser mais claro", completou.

    O motim de policiais, no entanto, ainda é majoritário. O movimento concentra policiais de patentes mais baixas.

    Por isso, nas convocações de sábado e domingo, muitos dos que se apresentaram eram policiais de patentes mais altas ou do setor administrativo, que não faz patrulhamento nas ruas normalmente.

    Até as 17h, o Sindicato da Polícia Civil tinha registrado quatro homicídios. No total, já são 144 mortes no Estado desde o início do motim, no dia 4 deste mês.

    Os ônibus estão circulando neste domingo em Vitória.

    ESTRATÉGIA

    A estratégia da convocação em locais públicos é evitar que os policiais tenham que se apresentar nas unidades de polícia, como é a praxe.

    Os portões das unidades estão bloqueados por acampamentos de familiares de policiais. As mulheres buscam impedir que os PMs saiam das unidades para trabalhar nas ruas.

    No sábado, 70 policiais chegaram a ser transportados de helicóptero para fora do quartel do Comando-Geral.

    A Secretaria de Segurança Pública informou que 600 policiais se apresentaram em Vitória, Vila Velha, Cariacica, Serra e Cachoeiro no sábado. O efetivo da PM no Espírito Santo é de 10 mil policiais, sendo que 2.000 patrulham o Estado a cada dia.

    PRESSÃO

    Nos últimos dias, aumentou a pressão sobre os policiais amotinados. Um total de 703 já foi indiciado pelo crime militar de revolta, que prevê de 8 a 20 anos de prisão.

    Em visita a Vitória, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, divulgou nota informando que o órgão estuda federalizar o crime de motim, o que tornaria a punição mais célere.

    O secretário de Governo Antônio Imbassahy anunciou que a base do governo no Congresso não deverá apoiar a anistia para policias do Estado que estão em greve.

    O ministro da Defesa Raul Jungmann fez um apelo na manhã de sábado, no 38º Batalhão de Infantaria, em Vila Velha, para que os policiais militares voltem ao trabalho e "honrem suas fardas e seus juramentos".

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