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    Rio de Janeiro

    Governo federal autoriza atuação das Forças Armadas na segurança do Rio

    LAIS ALEGRETTI
    DE BRASÍLIA

    LUCAS VETTORAZZO
    DO RIO

    13/02/2017 17h24 - Atualizado às 18h47

    O governo federal autorizou a atuação de homens das Forças Armadas na segurança do Rio de Janeiro, após pedido feito pelo governador do Estado, Luiz Fernando Pezão, na manhã desta segunda-feira (13).

    Os detalhes sobre o tamanho do contingente e o período de atuação ainda estão em definição pelo Ministério da Defesa. O ministro, Raul Jungmann, apresentará o plano federal de ajuda na segurança do Rio nesta terça (14). Com base nas diretrizes que a pasta irá definir, as Forças Armadas iniciarão o planejamento da missão.

    Nesta segunda-feira (13), ao mencionar a situação do Espírito Santo durante uma declaração à imprensa, o presidente Michel Temer disse que "o governo federal resolveu colocar as Forças Armadas à disposição de toda e qualquer hipótese de desordem no território brasileiro". Militares foram enviados ao Espírito Santo para conter a violência no Estado.

    A mobilização de parentes na porta de batalhões de Polícia Militar no Riochegou ao seu quarto dia seguido nesta segunda-feira (13). Desde a madrugada de sexta (10) que parentes de policiais impedem a saída de viaturas e homens de farda de batalhões.

    No sábado (11), o governo tentou acordo, sem sucesso, para encerrar os piquetes. O Estado disse que o pagamento dos policiais estava condicionado à venda da Cedae (Companhia Estadual de Água e Esgoto).

    A venda da empresa estava marcada para ser votada nesta terça (14) na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio), mas foi adiada. Familiares de PMs disseram à Folha que são contra a venda da empresa para pagamento de salários e bonificações atrasadas.

    O governo do Rio tenta antecipar os efeitos do acordo como forma de aplacar a insatisfação de servidores e policiais no Estado e reduzir os protestos. Ao conseguir antecipar, poderá tomar empréstimo e colocar em dia as folhas salariais.

    Desde sexta-feira (10), a pressão sobre o governo, que já vinha enfrentando protestos semanais de servidores contra o pacote de medidas firmado com a União, aumentou em função da mobilização de parentes de policiais militares em porta de batalhões.

    Há mobilizações em 27 dos 39 batalhões de polícia do Estado. Esposas e familiares estão impedindo a saída de viaturas e equipes, o que está dificultando a troca de plantões.

    Não é possível mensurar se há impacto no policiamento no Estado. O comando da PM admitiu pela primeira vez nesta segunda (13) que houve prejuízo no policiamento em função da mobilização na porta de batalhões, especificamente para a partida entre Botafogo e Flamengo, neste domingo (12).

    Uma briga de torcidas organizadas resultou na morte de um torcedor e deixou outros oito feridos. A PM afirmou que homens da unidade que justamente faz a escolta das organizadas até o estádio tiveram dificuldade de sair do quartel.

    A PM diz que no restante do Estado o policiamento é normal. Há, no entanto, vídeos nas redes que mostram a adesão de soldados ao movimento de paralisação.

    A Folha confirmou autenticidade de ao menos ao menos três vídeos em que a adesão é clara. Na sexta, primeiro dia de protesto, homens do 6º Batalhão (Tijuca) se reuniram no pátio e cantaram hinos militares, sem farda, em sinal de apoio. No domingo, foi a vez de PMs do Batalhão do Choque repetir a cena na porta da unidade, no Centro do Rio.

    Um terceiro vídeo mostra um grupo de soldados tentando deixar o 4º BPM (São Cristóvão) nesta segunda. Eles foram impedido pelas esposas. No vídeo é possível ver que os oficiais dão ordem para os soldados romperem o cerco de mulheres, que se postaram de mãos dadas na porta do quartel. Comandantes chegam a empurrar familiares da porta do local e ordenam a passagem da tropa.

    No sábado, o governo disse que poderia pagar as reivindicações da polícia desde que o governo consiga vender a Cedae, a companhia de água e esgoto do Rio. Os parentes reivindicam o pagamento do 13º salário de 2016, o pagamento de bonificações por trabalho fora da escala durante a Olimpíada e as bonificações referentes a metas batidas em 2015.

    Mulheres de policiais alegam também falta de condições de trabalho, como revezamento de colete e armamento escasso. Elas foram chamadas para uma reunião, onde foi colocado a necessidade sobre a venda da Cedae. Os piquetes se mantém nesta segunda-feira (13).

    O grupo de servidores que se manifesta desde novembro contra as medidas de ajuste é contra a venda da Cedae. O Muspe (Movimento Unificado de Servidores Públicos do Rio) reúne 43 sindicatos, entre eles policiais militares, civis, bombeiros, agentes penitenciários, servidores da educação e saúde, além de trabalhadores da Cedae. É esse grupo que sustenta uma agenda semanal de protestos na cidade.

    O grupo manteve manifestação marcada para terça-feira (14) contra a venda da empresa. A Alerj (Assembleia Legislativa) adiou a votação. Oficialmente, foi para discutir melhor o projeto. A Folha apurou que questões de segurança estão entre os motivos.

    Há temor de que possa haver problemas de policiamento, principalmente relacionado ao Batalhão de Choque, que é a unidade responsável pela contenção de distúrbio e pela repressão aos protestos em dias de votação. O Batalhão de Choque é um dos locais onde há piquete de maior mobilização desde sexta.

    Em função da presença de policiais entre os servidores que se manifestam na Alerj, a segurança do local já é feita em parte por homens da Força Nacional.

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