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    Alalaô

    Marchinha antiassédio diz que farra é delícia, mas na marra é caso de polícia

    FERNANDA MENA
    DE SÃO PAULO

    13/02/2017 20h25

    Ativistas e coletivos feministas lançaram nesta segunda (13) a marchinha de Carnaval "Se Você Quiser", que alerta os foliões sobre a prática de assédio na maior festa de rua do país.

    A ação é um desdobramento da campanha #CarnavalSemAssédio, realizada em 2016 por várias organizações e mulheres para educar os homens sobre a diferença entre paquera e assédio.

    A música, interpretada por Bruna Caram e Chico César, foi registrada em um videoclipe produzido, dirigido e editado por uma equipe feminina e feminista.

    A letra, de Pedro Abramovay e Gustavo Moura, diz: "não importa o que é que você vai vestir, eu não vou te tocar sem você consentir" e "beijar, cair na farra, é mesmo uma delícia/ é que se for na marra, é caso de polícia".

    Fernando Genaro - 18.jan.17/Folhapress
    Bloco de Carnaval de São Paulo
    Bloco de Carnaval de São Paulo

    "É difícil fazer uma marchinha de Carnaval, que é um momento alegre, falando de desigualdade e opressão. Os compositores acharam um jeito bonito de fazer isso, falando sobre o direito de todos", avalia Manoela Miklos, ativista e integrante do #AgoraÉQueSãoElas, blog feminista publicado no site da Folha. "Muitos homens acham que não podem mais falar sobre feminismo e aí estão homens falando algo que deveria ser o óbvio, mas não é."

    A letra faz referência à ideia de concessão. "Quero o seu amor, se você quiser / Me olha, me beija, me molha, que isso é tão gostoso quando a gente quer / Mas se não quiser, meu bem, tudo bem / Vou pra lá pra ladeira, procurar por alguém que me queira". Em outro trecho, a letra diz: "Se o rapaz chegar, com esse papo de assédio /Pode até pedir a mão dela, mas só vai levar é o seu dedo médio /Não tem brincadeira, quando um não quer / E venha, e veja e beija / Contanto que seja o que ela quiser".

    "É um samba de boa qualidade, gostoso e que tem a mensagem correta sem ser careta nem pesado. Tem tudo pra virar um hit de Carnaval", anima-se Nana Queiroz, diretora da revista "AzMina". "É um exemplo legal de como os homens podem ajudar na luta feminista sem roubar o palco ou o microfone das mulheres."

    A publicação feminista, uma das responsável pela campanha de 2016, lançou para o Carnaval 2017 a hashtag #UmaMinaAjudaAOutra a partir das denúncias de mulheres agredidas ao reagirem a situação de assédio e abuso sexual.

    "A ideia é que as mulheres não precisem enfrentar o assédio sozinhas. Que elas contem umas com as outras. A gente incentiva a irmandade feminina, as mulheres se juntarem em grupos grandes para reagir a tentativas de assédio sexual, de forçar beijos e qualquer outro ato libidinoso não consentido", explica Queiroz.

    "A ideia é que ninguém faça isso só, para que ninguém seja vítima."

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