-
-
Cotidiano
Sunday, 05-May-2024 07:32:52 -03Parentes de PMs do ES abrem mão de reajuste; governo dá início a punições
PAULA BIANCHI
DO UOL, NO RIOFABRÍCIO LOBEL
ENVIADO ESPECIAL AO ESPÍRITO SANTOLEONARDO HEITOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE VITÓRIA13/02/2017 22h32
Familiares dos policiais militares do Espírito Santo e as associações que representam a categoria decidiram, na tarde desta segunda (13), desistir do pedido de aumento de 43% e ofereceram encerrar o motim, iniciado no último dia 3, em troca da anistia dos militares e de garantias do governo de que o reajuste continuaria sendo negociado.
A nova proposta, de acordo com o cabo Thiago Bicalho, diretor social ACS (Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar), foi encaminhada ao governo no fim da tarde desta segunda. "Está nas mãos do governo acabar com a greve", afirmou Bicalho.
O governo, no entanto, divulgou uma nota dizendo que a proposta atual ainda provocaria "impacto financeiro no orçamento do Estado, infringindo a lei de Responsabilidade Fiscal". Ele também cita dois acordos, que não resultaram na volta do policiamento, e afirma que a "anistia" proposta pelo documento é vedada pela Constituição.
Onda de violência no ES PM está em motim desde o dia 3 de fevereiro Moradores voltam às ruas após parte da PM retomar as atividades no ES Governo não sabe lidar com segurança pública, dizem mulheres de PMs do ES Governador do Espírito Santo nega aumento e defende ajuste fiscal Após uma semana de silêncio, Temer chama de 'ilegal' motim de PMs no ES "Sendo assim, e considerando a necessidade de avaliação ampla do que foi solicitado, este Comitê Permanente de Negociação com a Polícia Militar, mais uma vez, roga aos policiais e bombeiros militares que ainda não retornaram ao trabalho que abandonem o movimento paredista", afirma a nota.
Inicialmente, os familiares dos policiais e os militares que participam do movimento pediam reajuste salarial de 43% o que, segundo eles, equivale as perdas sofridas pelos últimos anos em que a categoria não obteve nenhum reajuste. O governo, no entanto, se recusou a negociar o aumento.
No texto apresentado nesta segunda pelos familiares de PMs, dirigido ao governador Paulo Hartung (PMDB), o movimento dizia reconhecer "as condições econômicas limitadas do governo estadual" e a crise nacional e prometia desobstruir todas as entradas dos batalhões já às 0h desta terça (14) caso as condições fossem atendidas.
Entre os pedidos do movimento estavam "a garantia de não-abertura de procedimentos administrativos disciplinares militares para os supostos policiais que possam ter praticado atos associados a manifestação envolvendo o movimento" e "a garantia de não-abertura de eventuais Inquéritos Policiais Militares ou desistência, caso alguma portaria já tivesse sido instaurada".
Na noite desta segunda, o governo confirmou que publicará no "Diário Oficial" desta terça os primeiros Inquéritos Policiais Militares e procedimentos demissionários dos envolvidos no aquartelamento.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública, os inquéritos referem-se a dois tenentes-coronéis, um major e um capitão da reserva remunerada. Esses são os primeiros IPMs instaurados de 703 policiais militares investigados. Também será publicado o início de processos administrativos de outros 161 policiais.
ONDA DE VIOLÊNCIA
Desde o início da paralisação dos policiais, no dia 4, quando familiares de PMs passaram a bloquear a entrada e a saída dos batalhões, mais de 140 homicídios foram registrados no Estado, segundo números Sindicato dos Policiais Civis –o governo não confirma o número. Apenas na última segunda, foram 40 mortes.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública, 1.734 PMs atenderam ao chamado operacional e foram trabalhar na manhã desta segunda, 317 a mais do que foi registrado no mesmo período no domingo –o efetivo da Polícia Militar do Espírito Santo é de 10 mil policiais.
A segurança no Estado tem sido feita também por cerca de 3.000 militares e agentes da Força Nacional de Segurança, que estão em território capixaba desde o início da semana passada, quando o motim de policiais agravou a falta de segurança no Espírito Santo.
Nesta segunda, os capixabas tentavam voltar à rotina. Além dos ônibus, as escolas e repartições públicas também retomaram as atividades. Apesar disso, ocorreram alguns tumultos, como o incêndio em dois ônibus: um da viação Sanremo, que faz linha entre bairros de Vila Velha, e outro no bairro de Campo Belo, em Cariacica.
Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br
Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.brPublicidade -