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    Rio de Janeiro

    Após ES, Rio receberá 9.000 homens das Forças Armadas por uma semana

    LUCAS VETTORAZO
    LUIZA FRANCO
    DO RIO

    14/02/2017 13h14 - Atualizado às 16h32

    Depois do Espírito Santo, o Rio de Janeiro também receberá tropas das Forças Armadas para reforçar a segurança. O ministro da Defesa, Raul Jungmann, afirmou que 9.000 homens farão a patrulha na capital fluminense e cidades vizinhas até a "quarta-feira (22) da próxima semana.

    Segundo o ministro, o governo do Estado do Rio informou que o reforço se fez necessário para atuar em manifestações e para suprir a sobrecarga da Polícia Militar. O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), havia negado que a vinda das Forças Armadas fosse para conter danos de um eventual motim da Polícia Militar.

    Pezão havia dito que as Forças ficariam na cidade para ajudar na segurança durante o Carnaval, porém, o prazo estipulado para a permanência delas expira antes do feriado.

    A exemplo do que ocorreu no Espírito Santo, desde a última sexta (10) parentes de policiais protestam em frente a batalhões e tentar impedir a saída de tropas. No entanto, o ministro da Defesa afirmou que as duas situações estão, sim, relacionadas, pois a atuação das Forças visa prevenir qualquer problema. Porém, afirmou que a situação no Rio não é a mesma do Estado vizinho.

    "Não existe nenhum descontrole ou insuficiência dos órgãos de segurança pública para manutenção da lei e da ordem. Diferentemente do que se passou no Espírito Santo, não há descontrole. 95% do efetivo está nas ruas. Entretanto há necessidade do emprego preventivo das Forças Armadas", disse o ministro.

    As Forças, portanto, atuarão na Alerj (Assembléia Legislativa do Rio), em conjunto com a Polícia Militar, devido a atos de servidores que se opõe a medidas propostas pelo governo para lidar com a crise financeira do Estado.

    Já o Exército patrulhará a via expressa Transolímpica, parte da avenida Brasil, a orla de Niterói e São Gonçalo, município vizinho. A Marinha patrulhará a capital, do Caju, no centro ao Leblon. "Estamos atuando para liberar contingente da Polícia Militar", disse o Ministro.

    Jungmann reforçou que a permanência das Forças Armadas pode ser prorrogada. "Colocar um período extenso gera dificuldades administrativas. Havendo necessidade, os prazos podem ser estendidos."

    PROTESTOS

    A Polícia Militar parou de informar o número de batalhões onde há protesto. No último domingo (12), eles aconteciam em 27 dos 39 batalhões de polícia do Estado.

    É difícil mensurar o impacto no policiamento no Estado, mas o comando da PM admitiu pela primeira vez, que houve prejuízo na segurança no domingo (12), quando uma briga de torcidas organizadas resultou na morte de um torcedor e deixou outros oito feridos. A PM afirmou que homens da unidade que faz a escolta das organizadas até o estádio tiveram dificuldade de sair do quartel.

    No entanto, há indícios de que o protesto perdeu força desde domingo. Não há mais mobilizações no 3° e no 18° batalhões. No 9°, há pessoas na porta, mas viaturas saem com facilidade. A corporação diz que, no restante do Estado, o policiamento é normal. Há, no entanto, vídeos nas redes sociais que mostram o apoio de soldados ao movimento de motim.

    Os parentes reivindicam o pagamento do 13º salário de 2016, o pagamento de bonificações por trabalho fora da escala durante a Olimpíada e as bonificações referentes a metas batidas em 2015. Reclamam também da falta de condições de trabalho, como revezamento de colete e armamento escasso.

    SALÁRIOS ATRASADOS

    O governo do Rio de Janeiro disse que depositaria nesta terça-feira (14) os salários integrais de janeiro dos servidores ativos da educação e de todos os servidores ativos, inativos e pensionistas da segurança –policiais militares e civis, bombeiros, agentes penitenciários e demais funcionários das secretarias de Segurança e Administração Penitenciária e órgãos vinculados.

    No sábado (11), o governo tentou acordo, sem sucesso, para encerrar os piquetes. O Estado disse que o pagamento dos policiais estava condicionado à venda da Cedae (Companhia Estadual de Água e Esgoto).

    A venda da empresa estava marcada para ser votada nesta terça (14) na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio), mas foi adiada. Familiares de PMs disseram à Folha que são contra a venda da empresa para pagamento de salários e bonificações atrasadas.

    A Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) anunciou nesta segunda (13) a suspensão da sessão que votaria projeto de privatização da Cedae (Companhia Estadual e Água e Esgoto), prevista para esta terça (14).

    Havia preocupação em relação ao protesto de servidores estaduais marcado para esta terça-feira (14) em frente a assembleia. A manifestação é contra a venda da Cedae e contra o pacote de ajuste firmado entre Rio e União.

    Desde sexta-feira (10), a pressão sobre o governo, que já vinha enfrentando protestos semanais de servidores contra o pacote de medidas firmado com a União, aumentou em função da mobilização de parentes de policiais militares em porta de batalhões. O protesto desta terça é menor do que outros que ocorreram na cidade. Às 13h15 ainda não havia registro de tumultos.

    O governo federal autorizou a atuação das Forças após pedido feito por Pezão na manhã de segunda (13). O prédio da Alerj está sendo protegido por homens da Força Nacional. A reportagem não viu PMs, que atuaram em protestos passados, no entorno do prédio.

    A Folha apurou que o movimento de familiares de PMs perdeu força desta segunda para esta terça. Muitos bloqueios foram retirados da porta dos batalhões. A reportagem recebeu informação de piquetes desmontados nos batalhões terceiro, nono e décimo oitavo.

    Ao mencionar a situação do Espírito Santo durante uma declaração à imprensa, o presidente Michel Temer disse que "o governo federal resolveu colocar as Forças Armadas à disposição de toda e qualquer hipótese de desordem no território brasileiro".

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