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    Ao criticar motim da PM, governador do ES recorre a dados truncados

    DA AGÊNCIA LUPA

    18/02/2017 02h00

    O Estado do Espírito Santo enfrenta desde o início do mês sua mais grave crise de segurança pública, com ondas de saques, depredações e o índice de homicídios quadruplicando.

    Por conta da crise iniciada com o motim dos policiais militares, o governador Paulo Hartung (PMDB) fez alguns ataques a categoria. A equipe da Lupa colocou à prova alguns dados usados por ele. Veja o resultado:

    Joel Silva/Folhapress
    O governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB)
    O governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB)

    *

    "Os praças (da PM-ES) receberam mais de 38% (de aumento desde 2010)"

    VERDADEIRO, MAS
    De acordo com o governo capixaba, em 2010, os praças do Espírito Santo recebiam R$ 1.905,70 de salário e R$ 292,35 pelas horas extras trabalhadas. As duas quantias realmente tiveram alta de 38%. Hoje o praça da PM-ES recebe R$ 2.646,12 de salário e R$ 405,91 de horas extras. Mas vale ressaltar dois pontos: o último reajuste concedido à categoria ocorreu em 2014 –antes da posse de Hartung– e, de acordo com o IBGE, a inflação entre 2010 e 2017 ultrapassou os 50%. Isso significa que o praça do Espírito Santo não teve aumento real no período a que Hartung se refere.
    Procurada, a Secretaria de Economia e Planejamento do ES ressaltou que o atual governo aplicou a "terceira etapa da reestruturação de carreira dos servidores militares", algo que foi fixado em lei de 2013 (também antes de Hartung). De acordo com a pasta, isso teria resultado em alta na remuneração dos policiais a partir de junho de 2015.

    -

    "O argumento de sete anos sem aumento (na PM) não fica de pé"

    FALSO
    Um dos argumentos mais usados pelos policiais militares do Espírito Santo para justificar sua paralisação tem base se levado em consideração o IPCA do período. De acordo com o IBGE, entre 2010 e 2017, a inflação foi de mais de 50%, ao menos 12 pontos percentuais acima do aumento de salário dado pelo governo capixaba à PM no mesmo período.

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    "O salário (da Polícia Militar) do Espírito Santo é o décimo na escala (nacional)"

    FALSO
    De acordo com a assessoria de imprensa do governador, esse dado foi extraído da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) que foi divulgada pelo IBGE em 2015.
    O instituto informa, no entanto, que a conclusão do governador é equivocada. O levantamento consiste numa "média de rendimento mensal" de toda a categoria. Mistura e contempla as mais diversas patentes: soldado, tenente, coronel, etc. Além disso, a Pnad 2015 é feita por amostragem e possui uma margem de erro. Qualquer ranking baseado na pesquisa deveria levá-la em consideração e também divulgá-la. De acordo com levantamento da Associação Nacional das Entidades Representativas dos Militares Brasileiros (Anermb), que acompanha a evolução salarial dos policiais em início de carreira em todos os Estados, o Espírito Santo aparece em último lugar no ranking, com um "subsídio" de R$ 2.646,12.

    -

    "Estamos hoje com 2.000 homens, entre a Força Nacional de Segurança, o Exército, a Marinha e Aeronáutica, nos apoiando (no ES)"

    VERDADEIRO
    Em nota emitida na última sexta-feira (10), a Presidência da República informou que "ao saber da situação (no ES), (o presidente Michel Temer) determinou o imediato envio de 2.000 homens para restabelecer a lei e a ordem no Estado".

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