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    Alalaô

    Paulista vira esquenta de megabloco Acadêmicos do Baixo Augusta

    JULIANA GRAGNANI
    DE SÃO PAULO

    19/02/2017 18h03 - Atualizado às 00h14

    A poucos metros da concentração do bloco que costuma atrair o maior público em São Paulo, o Acadêmicos do Baixo Augusta, jovens foliões fazem um "esquenta" na avenida Paulista.

    Fechada para carros e aberta para pedestres aos domingos, a avenida adotada neste domingo (19) pelos foliões tem vários deles sentados no chão, bebendo antes da saída do bloco. Há muito lixo espalhado no cruzamento da rua Augusta com a Paulista, onde fica a estação de metrô Consolação, e também há garis fazendo a varrição da área.

    Muitos foliões procuram o bloco na rua Augusta, mas o cordão não sai de lá desde o ano passado. Em 2016, recebeu 180 mil pessoas na rua da Consolação, de onde desce em direção ao centro.

    Com uma bebida azul (quase fosforescente) em mãos, a estudante Carolina Abrantes, 20, uma das que procuravam o bloco na Augusta, dizia que a quantidade de lojas na Paulista ajudava a avenida a virar um ponto de encontro carnavalesco. Ela e os amigos compraram gelo de ambulantes, que abundam na avenida –inclusive os credenciados para o Carnaval–, para fazer drinques.

    Sentado no chão, o estudante Julio Valle, 16, faz as vezes de guardião das duas garrafas de vodca e uma de energético que pertencem a seu grupo de amigos. A seu lado, enquanto espera belo bloco, um amigo fuma maconha. Ao lado, ambulantes vendem tiaras floridas para o Carnaval por R$ 10 cada.

    "Se não gostarmos do bloco, voltamos para cá, onde tem muita coisa para fazer, muitos shoppings", diz a estudante Izabella Arruda, 18, de saia, suspensórios e gravata borboleta ("um look fashionista", como define).

    O burburinho na Paulista se completa com a ocupação do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra), onde há apresentações como a do cantor Jairo Pereira, da banda Aláfia.

    DESFILE

    "Apavora, mas não assusta, o Carnaval é no baixo Augusta", diz a marchinha do Bloco Acadêmicos do Baixo Augusta cuja rainha de bateria é Alessandra Negrini.

    "A importância de ter um Carnaval de rua aberto em São Paulo é total", diz a atriz à Folha. "O paulistano está aprendendo a fazer Carnaval agora, e está dando super certo. É claro que é preciso haver alguns limites, e tudo precisa ser conversado, como está sendo."

    Negrini veste um body com uma cauda verde, adornados com flores, borboletas e pássaros —como um preso a seu cabelo, que também tem dreads.

    O traje verde de Alessandra Negrini representa o parque Augusta, segundo organizadores do bloco anunciam agora. O espaço na rua Augusta é uma reivindicação de ativistas.

    Também no desfile, a vereadora Sâmia Bomfim (PSOL) está com um vestido colorido e uma placa indicando a avenida 23 de maio, uma brincadeira com os grafites apagados pelo prefeito João Doria (PSDB).

    "É um patrimônio histórico da cidade que ele apagou sem autorização. Vim aqui pra poder afirmar a importância da arte de rua em São Paulo", diz.

    O bloco Acadêmicos do Baixo Augusta reúne políticos da situação e da oposição: se a vereadora Samia Bomfim (PSOL) acompanha o bloco do asfalto, em cima do trio, pulam Carnaval o vice-prefeito Bruno Covas (PSDB), o secretário de governo Julio Semeghini o prefeito regional da Sé Eduardo Odloak.

    DISPERSÃO CONFUSA

    Com gritos de "Fora, Temer", o desfile do bloco Acadêmicos do Baixo Augusta chegou ao fim às 22h23, poucos metros à frente da praça Roosevelt, bem atrás da avenida São Luís, como estava programado. O término nesse ponto deixou milhares de foliões na rua da Consolação em frente à praça Roosevelt.

    Perto do fim do desfile, funcionários da CET disseram estar "esperando para ver o que acontecia" —se o trio acaba pouco à frente da praça Roosevelt ou se segue em direção ao centro.

    Um funcionário disse que as orientações que recebeu foram modificadas três vezes. O bloco deveria ter sido encerrado às 21h na avenida São Luís.

    Antes, segundo três funcionários da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) ouvidos pela Folha, a dispersão deveria migrar para a praça Roosevelt, espaço justamente vetado pelo prefeito João Doria (PSDB) para concentração e dispersão de blocos.

    Doria havia proibido a dispersão de foliões no local por causa de reclamações de moradores da praça, incomodados com a sujeira e a poluição sonora.

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