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Elpídio Dantas da Rocha Neto (1953-2017) |
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Cotidiano
Tuesday, 07-May-2024 05:25:15 -03Elpídio Dantas da Rocha Neto (1953-2017)
Mortes: Artista, foi do sertão para dentro do museu
THIAGO AMÂNCIO
DE SÃO PAULO21/02/2017 00h00
A única referência de arte que Elpídio Dantas da Rocha Neto tinha durante a infância na zona rural de São Bento, no sertão da Paraíba, eram os trabalhos de artesão do avô de quem emprestara o nome, que fazia peças de couro.
O menino vivia fugindo do trabalho na lavoura para desenhar no chão molhado na beira de um rio que passava pela fazenda. Dentre os mais de 20 irmãos (sua filha, Juciara, não sabe precisar quantos são), foi o único alfabetizado –e só porque insistiu com o pai, que achava besteira essa história de ir para a escola.
Em Brejo da Cruz, também no sertão, onde fez ensino médio e conheceu a esposa, pintava placas de caminhões e enfeites de cemitérios para ganhar dinheiro. "Infelizmente não morria gente toda semana, então era difícil", costumava dizer, lembra a filha.
Depois de casado, foi tentar a vida na capital João Pessoa, onde arranjou um trabalho como chargista do jornal "O Norte" em 1976.
Mas não aguentou a rotina fixa e resolveu investir nos dons artísticos. Ganhou projeção com suas pinturas e esculturas e expôs sua obra em todo o país e no mundo, com um trabalho versátil, que vai do figurativo ao abstrato, passeando por diversos estilos.
Gostava de retratar a cidade que o acolheu. O ponto mais oriental do continente está em João Pessoa, e Elpídio achava bonito viver na cidade onde o sol nascia primeiro. Recentemente, esculpia em pedras que achava na praia e sonhava em fazer uma exposição na beira do mar.
Não resistiu à luta contra um câncer e morreu no último dia 9, em João Pessoa, deixando três filhos e três netos.
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