A sanfona do sertanejo vai tocar na mesma cadência dos tamborins das baterias neste Carnaval em São Paulo. Os nordestinos serão os convidados de honra no Anhembi.
A Tom Maior abre os desfiles do Grupo Especial celebrando a flor do Nordeste, Elba Ramalho. Os migrantes nordestinos, cruciais para a construção de São Paulo, ganharão vida no enredo da Gaviões da Fiel. Já a Unidos do Peruche cantará Salvador, celebrando a mistura de raças, cultura e religiões da capital baiana.
A Dragões da Real pegará emprestado versos de Gonzagão para encenar a música Asa Branca no Anhembi. "Cada setor da escola vai mostrar uma parte da música, que é cantada em oração no Nordeste para pedir chuva", diz Dione Leite, da comissão de Carnaval da escola.
A professora Rosana Schwartz, do curso de história e sociologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, afirma que os desfiles retratam o momento pelo qual a sociedade passa. "A gente precisa avaliar que estamos em período de crise, com o preconceito em evidência e a questão do ódio muito presente nas redes sociais. Falar do nordestino é uma forma de desconstruir paulatinamente esse preconceito", diz.
Os tradicionais enredos sobre fé e religião não vão ficar de fora. Eles aparecerão nas alas e alegorias da Vai-Vai, que homenageará Mãe Menininha do Gantois, e da Unidos de Vila Maria, com um desfile sobre os 300 anos de Nossa Senhora.
As fotos foram tiradas para o especial Folia Arretada, do jornal "Agora".
