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    Mulheres desobstruem batalhões e motim de policiais no ES termina

    CAROLINA LINHARES
    DE BELO HORIZONTE

    25/02/2017 16h11 - Atualizado às 19h31

    Mulheres de policiais militares do Espírito Santo desobstruíram os portões dos batalhões neste sábado (25) dando fim ao motim que paralisou o policiamento no Estado desde o último dia 4.

    A saída das mulheres ocorreu após um entendimento com o secretário de direitos Humanos do Espírito Santo, Júlio Pompeu, e a adesão da CUT (Central Única dos Trabalhadores) ao movimento.

    Em reunião na noite de sexta (24), ficou acertado que não serão impostos novos procedimentos punitivos aos policiais e as ações judiciais contra familiares e associações de militares podem ser suspensas.

    Um novo encontro está marcado para quinta-feira (2). Participaram da reunião, além das mulheres e do secretário de Direitos Humanos, representantes da CUT, do Ministério Público do Trabalho e do Tribunal Regional do Trabalho, que irão atuar como mediadores.

    "Nós tínhamos 43 municípios com 100% dos policiais trabalhando até agora, mas hoje toda a PM responde às escalas de serviço", afirmou o comandante-geral da PM capixaba, Nylton Rodrigues, em entrevista à imprensa. O Espírito Santo tem 78 municípios.

    "Nossa premissa era evitar o uso progressivo da força [para retirada das mulheres]", disse Rodrigues.

    Onda de violência no ES
    PM está em motim desde o dia 3 de fevereiro

    Em nome de todos os policias, o comandante se desculpou à sociedade "pelo momento terrível e trágico para todos". Entre o dia 4 e o dia 13, foram registrados 143 homicídios no Estado.

    Uma das mulheres autuantes no movimento afirmou à Folha que elas não desistiram das reivindicações principais: reposição de perdas salariais e perdão aos policiais envolvidos.

    O governo do Espírito Santo afirma não ser possível aumentar os salários devido à Lei de Responsabilidade Fiscal e colocou como condição para a negociação de outras demandas a retomada do policiamento.

    "Saímos para atender ao pedido do governador e iniciar a negociação. A gente agora precisa ser ouvida de outra forma", disse a representante.

    PUNIÇÕES

    Segundo Rodrigues, os processos administrativos e os inquéritos policiais –que podem levar à expulsão e até à prisão– em andamento não serão suspensos, mas a volta ao trabalho irá amenizar a situação dos policiais.

    "Os policiais que retornaram terão isso como sua defesa, o que irá colaborar para a decisão final", disse. Um total de 2.580 policiais já foi indiciado pelo crime militar de revolta e 271 respondem a processos administrativos.

    Por enquanto, as Forças Armadas e de Segurança Nacional enviadas pelo governo federal continuarão a atuar no Espírito Santo. O planejamento para o Carnaval será mantido, mas agora com o reforço de todo o efetivo da PM.

    O motim vinha perdendo força desde sábado (11), quando o comando-geral passou a fazer chamados em locais públicos para que os policiais se apresentassem sem a necessidade de ir até os batalhões obstruídos.

    Aos poucos, o efetivo da PM do Espírito Santo, de dez mil policiais, foi retomando as atividades e o número de mulheres nos batalhões foi diminuindo.

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