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    Alalaô

    Desfilando sem pagar, 'folião pipoca' ganha espaço no Carnaval da Bahia

    JOÃO PEDRO PITOMBO
    DE SALVADOR
    DO RIO

    27/02/2017 02h00

    Na Bahia, por anos fez sucesso uma velha piada para quem não tinha dinheiro para sair em bloco no Carnaval: "Vou sair no Inter: intervalo entre um bloco e outro. E também no Nu Outro: no outro lado da corda".

    A brincadeira fazia referência ao bloco Inter, um dos mais antigos de Salvador, e o Nu Outro, que por muitos anos desfilou com a Banda Eva.

    Mas o jogo está invertendo em favor dos "foliões pipoca" -aqueles que desfilam de graça. As cordas que separam os foliões pagantes dos que não pagam estão perdendo espaço no Carnaval de Salvador.

    Pela primeira vez, o número de atrações que desfilam de graça é maior do que os blocos pagos. São mais de 300 opções de desfiles e shows na capital baiana. O resultado é mais espaço na avenida para os foliões.

    Nos quatro primeiros dias do Carnaval, uma multidão foi às ruas acompanhar desfiles de artistas como Ivete Sangalo, que pelo segundo ano consecutivo fez um desfile sem cordas, e Cláudia Leitte, que fez a sua estreia em desfiles gratuitos no sábado (25).

    Sem precisar de abadás (camisas que servem como ingresso para os desfiles pagos), muitos foliões vestiram fantasias e foram para as ruas como nos antigos Carnavais.

    No desfile de Ivete, grupos vestiram-se de crianças com pirulitos nas mãos, numa referência à música "O Doce", da cantora baiana.

    Acompanhando o trio de Cláudia, que foi caracterizado como um navio, não faltaram fantasias de marinheiro. Mas também houve espaço para índios, bailarinas e até Lampião e Maria Bonita.

    Os desfiles gratuitos são organizados pelo governo do Estado e prefeitura. Parte deles é pago com recursos captados com a iniciativa privada e o restante é pago com dinheiro público -só o governo gastou R$ 3 milhões com cachês.

    A dificuldade em captar recursos com patrocinadores, resultado da crise econômica, foi fator determinante para que muitos blocos deixassem de desfilar: foi o caso dos tradicionais blocos Cheiro, Araketu e Nana Banana.

    "Ficamos sem condições de botar o bloco na rua", afirmou Vera Lacerda, presidente e fundadora do tradicional bloco Araketu.

    Há ainda uma crise estrutural do modelo de Carnaval pulado em Salvador. O público dos principais blocos de trio migrou para os camarotes, que cresceram e passaram a ter grandes shows.

    Dos grandes artistas do axé, apenas Bell Marques mantém o mesmo pique de antigos Carnavais: desfila cinco dias em blocos com corda. Saiu dois dias no bloco Vumbora e sai outros três à frente do Camaleão.

    Outros artistas reduziram o ritmo dos blocos com corda: Durval Lélys e Claudia Leitte saem três dias, Ivete Sangalo e Daniela Mercury apenas dois. Esta desfilou com seu bloco pago, o Crocodilo, neste domingo (26).

    Saulo Fernandes, antigo cantor da Banda Eva, sai apenas em blocos sem cordas desde o ano passado. Este Carnaval, ele desfilou neste domingo e ainda sai na segunda (26) com a "Pipoca do Saulo", uma das mais disputadas.

    RIO

    Os principais blocos de carnaval do Rio arrastaram 580 mil foliões neste domingo (26), em vários locais da cidade, segundo balanço da Riotur divulgado às 20h.

    O tradicional Simpatia É Quase Amor, que desfila pela orla de Ipanema, zona sul, teve a participação de 250 mil foliões. Também na zona sul, o Bangalafumenga, no Aterro do Flamengo, carregou 150 mil pessoas.

    No centro, o Cordão do Boitatá, levou 50 mil pessoas à Praça XV e contou com a participação de nomes da MPB, como Jards Macalé e João Donato.

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