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    Alalaô

    Maiô ganha os corpos de foliões e folionas nos blocos de rua do Carnaval

    PHILLIPPE WATANABE
    DE SÃO PAULO

    01/03/2017 02h00

    Peça dominante nas praias até os anos 60, o maiô, que já ganhava espaço em vitrines e nas praias, marcou os corpos de foliões e folionas neste Carnaval.

    Não era preciso desfilar muito pelos bloquinhos paulistanos para encontrar Avenidas 23 de Maio cinzas, tiaras de unicórnio, misturas de fantasias sem sentido algum e, claro, maiôs.

    Fantasia para uns, atitude cheia de significado para outros.

    Para a bióloga Melissa Menezes, 28, trata-se de empoderamento. Ela curtia o Agora Vai!, na Barra Funda, desfilando seu maiô amarelo e roxo, as cores do bloco. Melissa diz que o grupo cheio de letras de duplo sentido ("só caminha no reto") e de protesto político ("PEC, PEC, PEC, deram golpe no Brasil") pode ser traduzido por resistência e ocupação do minhocão (local no qual foram proibidos de desfilar).

    Segundo a bióloga, o biquíni é limitador. "Maiô eu posso usar de várias maneiras, todo mundo pode usar, homem, mulher" diz. "Não tem essa de retrô. Maiô é agora."

    Maiô também não é só maiô para Guilherme Torres, 24. Com a vestimenta, ele vendia geladinhos no mesmo bloco Agora Vai!. "Ficar mais feminina e mais gostosa", diz o educador sobre sua motivação para a peça única.

    A arquiteta Lilian Monteiro Gonçalves, 55, diz que sempre achou bonita e quis usar a peça. Mas, por ser magra, afirma que se sentia um tanto obrigada a utilizar biquínis. Comprou o maiô há cerca de três meses e o estreou nesta terça (28). "Mostra um pouco mais, mas não muito. É bom para o Carnaval."

    Akemi Hirose, 30, diz acreditar que a explosão do maiô não se restringe ao Carnaval. Segundo a cozinheira, a tendência já era visível antes da folia. "Por estar em alta, acabamos encontrando uma oferta muito grande no mercado." Ela também associa o uso à praticidade para pular Carnaval e à facilidade de incrementar a fantasia com acessórios. "Carnaval é um momento de liberdade e essa peça proporciona essa sensação."

    Já para o ator Vinícius Alves, 22, a vestimenta, presente de seus alunos, tem um valor mais sentimental. "Eu adoro esse maiô", diz. Mesmo assim, Alves passa longe da ideia de levar a peça para além do Carnaval, como para praias, por exemplo. "Gosto muito de sunga."

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