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    Alalaô

    Alérgico a Carnaval, Crivella dá carta branca para bagunça da Liga carioca

    ALVARO COSTA E SILVA
    COLUNISTA DA FOLHA

    01/03/2017 02h00

    Marcelo Crivella, o novo prefeito do Rio, tem alergia de Carnaval. Primeiro, ele ameaçou viajar e fazer retiro espiritual em Israel. Depois deixou por mais de duas horas o Rei Momo esperando e não apareceu para a entrega das chaves da cidade.

    Para completar o festival de deselegância e desprezo, não pôs os pés no Sambódromo, como é de praxe. O camarote oficial só não ficou às moscas porque aspones e bicões tomaram conta.

    Nas redes sociais, Crivella ainda brincou: "A gente não sabe sambar, mas sabe trabalhar". Se fosse ao Sambódromo, ele teria assistido, com o mesmo espanto de todos nós, aos dois desastres com os carros alegóricos das escolas Paraíso do Tuiuti e Unidos da Tijuca.

    E teria descoberto que, no Rio, não existe maior trabalho para um prefeito do que acompanhar de perto tudo o que acontece no Carnaval. É um perfeito laboratório administrativo, levando-se em conta a vocação festeira da cidade e seu enorme potencial turístico —só este ano, 1,1 milhão de visitantes.

    No domingo, o carro da Tuiuti sambou como um bêbado de um lado a outro da pista, esmagando 20 pessoas contra as grades. O motorista era novato, e a alegoria tinha uma roda danificada, segundo a perícia. Na segunda, com sete minutos de apresentação, o teto do gigantesco carro da Tijuca desabou. Cerca de 20 componentes se feriram.

    O mais impressionante foi que, enquanto os bombeiros atendiam os feridos presos na estrutura da alegoria, o desfile prosseguiu. O presidente da Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro), Jorge Castanheira, afirmou que a possibilidade de interromper o desfile devido a um acidente não existe no regulamento. Nem na cabeça dos programadores da televisão.

    Carros enormes não são novidades. Os acidentes, sim. Mas do que com o gigantismo do espetáculo, os casos recentes estão ligados à falta de fiscalização. A Liesa há anos manda e desmanda no Carnaval carioca sem interferência do poder público, que lhe concede carta branca para qualquer bagunça.

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