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    Hospital de SP pagou por vigilância de câmeras desligadas, diz auditoria

    ARTUR RODRIGUES
    DE SÃO PAULO

    03/03/2017 09h00

    Rivaldo Gomes/Folhapress
    Hospital do Servidor Público Municipal, na Aclimação, onde auditoria constatou falhas na segurança
    Hospital do Servidor Público Municipal, na Aclimação, onde auditoria constatou falhas na segurança

    Uma série de irregularidades em serviços de vigilância no Hospital do Servidor Público Municipal, na Aclimação (região central), deixou a segurança desguarnecida e gerou rombo milionário aos cofres públicos da cidade de São Paulo, constatou auditoria da CGM (Controladoria Geral do Município).

    A investigação, iniciada na gestão Fernando Haddad (PT) e terminada na de João Doria (PSDB), revelou que a prefeitura chegou a pagar por monitoramento eletrônico que não existiu e por vigias que não estavam presentes de maneira ininterrupta, deixando brechas na segurança do hospital onde circulam 8 mil pessoas por dia. O prejuízo encontrado, calculado com base em falhas contratuais, foi de ao menos R$ 3,6 milhões.

    A auditoria é a primeira de uma série de quatro feitas no hospital, que verificaram problemas em serviços laboratoriais, limpeza, lavanderia, angiógrafo, entre outros. O prejuízo total ainda está sendo calculado.

    Entre os achados da investigação, está o pagamento de valor relativo a profissionais operar a vigilância eletrônica do hospital, em período em que o circuito interno de câmeras ainda não estava operando. O problema durou 69 dias, 49 dias a mais do que o previsto no contrato.

    Além disso, o sobrepreço na vigilância eletrônica chegou a 317%, causando um prejuízo de R$ 565 mil.

    O maior rombo nos cofres públicos foi causado, dizem os auditores, pela modalidade de contratação dos seguranças da empresa Centurion Segurança e Vigilância. O desperdício foi de R$ 2,7 milhões entre abril de 2015 e dezembro de 2016.

    O motivo, diz a auditoria, é que os pagamentos para o trabalho nos dias úteis e nos fins de semana e feriados eram feitos separadamente. Nesse esquema, a margem de lucro da Centurion atingiu o índice de 66%.

    Outro problema encontrado foi a falta de profissionais para cobrir os períodos entre os turnos da segurança, quando foi ficava aberto um buraco na vigilância da unidade –o prejuízo devido a isso foi de R$ 304 mil.

    OUTRO LADO

    O hospital afirmou que pediu ressarcimento R$ 75,6 mil pelo período em que o sistema de monitoramento não havia sido instalado e que vigilantes fizeram cobertura das áreas de maior vulnerabilidade.

    A respeito do sobrepreço na vigilância eletrônica, a unidade de saúde justificou o valor ressaltando a qualidade das câmeras contratadas, que "possuem nível superior de nitidez e resolução de imagem das áreas monitoradas".

    Sobre a falta de profissionais no horário entre turnos, a unidade afirmou que havia vigilantes o tempo todo nos postos críticos e ronda nos demais locais.

    A direção do hospital questionou os valores de referência usados pelos auditores, para calcular o prejuízo na modalidade de contratação. "Os referenciais não levam em consideração estimativas de preços de postos de vigilância contratados compatíveis com o objeto licitado e ainda para ambientes hospitalares", afirma o hospital.

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