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    Restrição de pedestres ao Minhocão é 'retrocesso', dizem movimentos

    ARTUR RODRIGUES
    JULIANA GRAGNANI
    DE SÃO PAULO

    08/03/2017 19h26

    Guo Pinhong - 31.jan.16/Futura Press/Folhapress
    Ciclistas e pedestres circulam pelo Minhocão em um domingo, quando a via está fechada para carros
    Ciclistas e pedestres circulam pelo Minhocão em um domingo, quando a via está fechada para carros

    A possível restrição à circulação de pedestres no Minhocão (Elevado Presidente João Goulart), cogitada pela gestão João Doria (PSDB), provocou reação na Câmara Municipal e entre movimentos sociais, que classificam a medida como irregular e retrocesso.

    A Prefeitura Regional da Sé estuda restringir o acesso de pedestres aos sábados (abrindo a via das 15h30 às 19h) e aos domingos (das 10h às 16h), período de tempo menor do que o atual. Atualmente, o local abre para pedestres também durante a semana à noite, a partir das 21h30.

    Segundo a proposta, o espaço utilizado também ficaria mais curto -só 1,5 km dos 3,5 km da via. O Minhocão ganharia gradis nas laterais e portões nos acessos.

    Trata-se de resposta ao Ministério Público, que abriu procedimento sobre o uso do local por pedestres. O promotor César Martins, responsável pelo caso, disse à coluna "Mônica Bergamo"que as medidas buscam proteger os frequentadores e diminuir o incômodo de moradores do entorno.

    Questionada, a assessoria de imprensa da gestão Doria não confirmou se há alguma decisão tomada sobre o assunto.

    O vereador José Police Neto (PSD) afirmou que o fechamento do Minhocão vai contra lei, de sua autoria, aprovada em março do ano passado e sancionada pelo então prefeito Fernando Haddad (PT).

    O vereador diz que a proposta feita pelo prefeito regional ao Ministério Público foi feita "autocraticamente".

    Haddad tinha 90 dias para regulamentar a lei, mas até hoje isso não foi feito. Police Neto cobra a eleição do conselho gestor do parque, que deve discutir os horários de abertura do local.

    "Se é parque, tem conselho gestor, obrigatoriamente tem segurança. Essa segurança combate os excessos, a violência e o ruído", diz Police.

    Movimentos de cicloativistas devem divulgar uma nota de repúdio à intenção da prefeitura nesta quinta (9). Segundo Daniel Guth, do Ciclocidade, eles defendem "que o Minhocão seja um espaço cada vez mais ocupado pelas pessoas". "É o que está garantido nos marcos legais. Restringir o acesso às pessoas vai no sentido oposto ao que está pactuado com a sociedade", afirma.

    Para o fotógrafo Felipe Morozini, diretor da associação Parque Minhocão e morador da região há 16 anos, cogitar a medida "é um retrocesso gigantesco da cidade".

    "Existem problemas de segurança, como na cidade inteira. Mas quanto mais houver gente na rua, mais segura ela fica", afirma. "Há uma uma ocupação espontânea de um parque transitório. As pessoas precisam de um espaço para caminhar, para praticar esporte, para momentos de lazer."

    A Folha procurou por telefone Yara Goes, diretora do movimento Desmonte do Minhocão, mas ela não estava em casa e não retornou até a publicação desta reportagem. O movimento defende a demolição do Minhocão e diz que sua abertura para pedestres fere a saúde e a segurança dos moradores do entorno.

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