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    Governo quer exigir carteirinha atualizada de vacina nas escolas

    NATÁLIA CANCIAN
    DE BRASÍLIA

    15/03/2017 14h47

    Uma portaria que será lançada pelos ministérios da Educação e Saúde pretende ampliar a exigência da apresentação da caderneta de vacinação das crianças durante a matrícula nas escolas.

    Hoje, a apresentação do documento já é cobrada por parte das redes de ensino no momento da matrícula. Agora, no entanto, a ideia é que seja verificada, também, a atualização da caderneta a cada nova matrícula e rematrícula, por exemplo. As informações devem ser passadas para a rede de saúde.

    "É obrigatório na matrícula levar a carteira vacinal, mas não é obrigatório atualizar a carteira vacinal. Vamos partir para esse planejamento", afirmou o ministro da Saúde, Ricardo Barros. A medida deve fazer parte do programa Saúde na Escola, que será lançado em abril.

    Robson Ventura-10.mar.2014/Folhapress
    Menina recebe vacina contra HPV na Casa do Adolescente, em Pinheiros
    Menina recebe vacina contra HPV na Casa do Adolescente, em Pinheiros

    "Temos uma legislação que diz que poderá ser exigida a carteira de vacinação. Queremos transformar esse 'poderá' em algo concreto", afirma o secretário de educação básica do MEC, Rossieli Silva.

    Segundo ele, a ideia é que, a partir desses dados, as escolas orientem os pais sobre a importância da vacinação ou façam parcerias com a rede de saúde para verificar quais doses estão em atraso e aplicá-las.

    "Não será uma exigência que impeça a criança de participar ou que vai barrar a matrícula", afirma Silva. "Mas é um direito da criança ser vacinada. Essa informação precisa chegar ao Ministério da Saúde, e se não foi vacinada por algum motivo, chegar ao Conselho Tutelar, a quem cabe tomar providências caso a criança não tenha sido vacinada por negligência, por exemplo."

    VACINAÇÃO NAS ESCOLAS

    Além de ampliar a exigência da caderneta, ministérios da Saúde e Educação anunciaram nesta quarta-feira (15) uma outra parceria para tentar retomar as campanhas de vacinação de adolescentes dentro das escolas.

    O objetivo é aumentar a imunização contra HPV, cuja vacina neste ano passa a ser ofertada também para meninos, e contra meningite C, que passa a ser indicada para meninos e meninas de 12 a 13 anos –antes, a vacina do HPV era indicada apenas para meninas, e a de meningite, apenas para crianças.

    A medida, porém, depende da organização e adesão das redes de ensino. Ainda não há data de quando a vacinação deve ser realizada nestes locais.

    BAIXOS ÍNDICES

    A busca por uma nova parceria com as escolas é uma estratégia para tentar superar os baixos índices de vacinação de adolescentes no país, principalmente em relação ao HPV.

    Dados do Ministério da Saúde mostram que 95% dos municípios ainda não atingiram a meta de vacinar, com duas doses, ao menos 80% das meninas de 9 a 14 anos contra o HPV. Em 52% dos municípios, a cobertura vacinal é ainda mais baixa, e não atinge nem metade do público-alvo.

    Hoje, apenas 55% das meninas dessa faixa etária já receberam a segunda dose contra o HPV. Para a primeira dose, quando houve parceria com as escolas, a cobertura é mais alta: 92,4%.

    A vacina protege contra câncer de colo de útero, que é a quarta maior causa de mortes por câncer no país, além de câncer de vulva, pênis e verrugas genitais.

    Para Ana Goretti, coordenadora substituta do Programa Nacional de Imunizações, a baixa cobertura está relacionada a informações equivocadas sobre a vacina, que é considerada segura, e à dificuldade de atrair o adolescente para a rede de saúde.

    "É muito difícil vacinar o adolescente, que é um público que não busca o serviço de saúde, muito menos para ser vacinado. Nas escolas, é onde tem a população de adolescentes concentrada. É muito mais fácil vacinar onde estão", afirma.

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