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Principal reservatório do DF, a Barragem do Descoberto abastece 62% das casas da região |
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Cotidiano
Tuesday, 24-Dec-2024 15:01:46 -03Racionamento de água pode ser agravado agora no Distrito Federal
DANIELA MARTINS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE BRASÍLIA22/03/2017 02h00
O governo do Distrito Federal (DF) começou o ano de 2017 impondo à população um rodízio que alterna o corte de água por um dia a cada seis em todas as regiões.
E a situação pode piorar. A crise que afeta o DF tende a se agravar com a chegada do período de seca, que se estende abril a setembro.
A Adasa (Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do DF) não definiu data para suspender o rodízio. De acordo com o órgão, é preciso considerar, além do volume dos reservatórios, as variáveis meteorológicas e de consumo.
As áreas abastecidas pelo sistema do Descoberto, que representam 62% dos domicílios, estão no rodízio desde 16 de janeiro.
Abastecido pelo reservatório de Santa Maria/Torto, o Plano Piloto, que concentra as casas das famílias de maior renda per capita, passou a sofrer corte de água semanas depois, em 27 de fevereiro.
Os palácios do Planalto, do Alvorada e do Jaburu, além dos ministérios e do Congresso Nacional, não estão submetidos ao rodízio.
POUCA CHUVA
Nos últimos dois anos, segundo a Adasa, choveu 35% a menos do que a média dos anos anteriores. Para a agência, esse é o principal fator para que os reservatórios apresentem níveis abaixo dos 50% da capacidade.
Só a falta de chuvas, porém, não explica a situação. Especialistas como Maurício Borato, consultor de meio ambiente da Câmara dos Deputados, apontam como agravantes a perda de água tratada dentro do próprio sistema, obras não finalizadas e a falta de educação para o consumo consciente da água.
Borato diz que a média nacional de perda de água por desgaste do sistema e furtos chega a 37% –o Japão, por exemplo, tem um índice de apenas 3%.
Renato Costa/Folhapress Medições indicam volume baixo no sistema da Barragem do Descoberto De acordo com a Caesb (Companhia de Saneamento Ambiental do DF), a perda de água por vazamentos e ligações clandestinas atinge 35% no Distrito Federal.
Segundo a companhia, uma parceria com o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) disponibilizou R$ 150 milhões para a renovação do sistema.
O reservatório de Corumbá, que deveria aliviar a barragem do Descoberto, começou a ser construído em 2011 e só tem previsão de término para o final de 2018.
Também estão em curso as obras do sistema do Bananal, que vai reforçar a barragem de Santa Maria/Torto em 700 litros por segundo a partir de setembro, segundo a Adasa.
AUMENTO DA POPULAÇÃO
André Lima, secretário de Meio Ambiente e presidente do Conselho de Recursos Hídricos do DF, propõe uma visão mais global do problema.
Além da falta de chuvas, das perdas do sistema e da ausência de planejamento e investimento em infraestrutura, Lima afirma que é preciso levar em conta que a população do DF tem aumentado cerca de 55 mil pessoas por ano na última década.
O secretário chama a atenção ainda para a expansão desordenada do território, que causa dano ambiental e reduz a capacidade de retenção de água pelo solo, a chamada recarga de aquífero.
Como medida emergencial, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) anunciou há duas semanas que as águas do Lago Paranoá, cartão-postal de Brasília, passarão a ser captadas para abastecimento urbano.
O financiamento de R$ 55 milhões para o projeto foi aprovado pelo Ministério da Integração Nacional.
De acordo com a Adasa, a captação planejada ficará abaixo do limite de 2.800 litros por segundo estabelecido por um estudo da ANA (Agência Nacional de Águas). "[Essa quantidade] é insignificante diante do volume total do Lago Paranoá. Isso não mudará a paisagem da cidade", diz Paulo Salles, diretor-presidente da agência.
CABELO LAVADO
Para o comércio e o setor de serviços, o racionamento é sinônimo de prejuízo.
A cabeleireira Marlene Naibert, 59, teve que fechar o salão da Asa Sul na primeira semana do rodízio e deixou de atender mais de 20 clientes.
Agora, ela armazena água e pede para os clientes chegarem com os cabelos já lavados. "É um dia inteiro sem água e o dia seguinte com água bem fraca", afirma ela.
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