Talvez porque soubesse o quanto a vida pode ser dura, a enfermeira Joana Piqueira Costa fez o que pôde para ajudar quem via sofrendo.

Nascida em família pobre, desde pequena viu a mãe, que trabalhava em uma fábrica de chocolates, e o pai, pedreiro (que morreria jovem, do coração, enquanto construía uma casa), se desdobrarem para alimentar os três filhos. A escolha por estudar enfermagem foi natural: tinha facilidade em cuidar das pessoas, conta sua filha, Carmen.

Casada desde os 16, era mãe de um menino, mas ainda sonhava em ter uma uma filha. Trabalhava em um hospital em 1962 quando um médico, sabendo de seu desejo, a chamou e disse: deixaram essa criança aqui na porta, você não quer cuidar?

Quis. E, inspirada nos pais, também se desdobrou para criar a nova filha, Carmen. Deixou o marido, alcoólatra, e foi morar com a família no porão de uma casa no Brás, na região central de SP, em um conjunto pequeno onde viviam 20 famílias.

Trabalhava em três empregos, em um hospital e dois consultórios, para que nada faltasse aos filhos, que ficavam sob os cuidados da avó. "Minha mãe sempre me disse para nunca desistir e nunca ter medo da vida. E ajudar, sempre que possível", resume a filha.

Aposentada, devorava os livros da escritora Zíbia Gasparetto e gostava de ouvir o cantor sertanejo Eduardo Costa.

Morreu no último dia 6, aos 86 anos, após complicações de uma doença intestinal. Uma missa de um mês da morte acontecerá no próximo dia 7, às 19h, na Igreja da Consolação, em São Paulo.

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