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    Moradores de Higienópolis se mobilizam por nova praça Vilaboim

    EDUARDO GERAQUE
    DE SÃO PAULO

    26/03/2017 02h00

    Muito mais do que uma simples manutenção e alguns reparos pontuais, moradores de Higienópolis, na região central de SP, estão articulados para a criação de uma nova praça Vilaboim, espaço público tão tradicional quanto o próprio bairro paulistano.

    Se há registros de que um século atrás existia um campo de futebol no lugar, hoje ocupado pela praça triangular, o objetivo agora é readequar o espaço para o convívio de crianças, adultos e idosos. Além de preparar o local para a chegada das bicicletas e para que os trabalhadores do comércio possam usar a praça sempre que quiserem.

    "São mudanças simples, mas que permitem melhorar o convívio no local. Uma delas é mudar a banca [de jornal] do lugar e alinhar a área de convívio com o espaço verde que existe no edifício Louveira", afirma Silvio Oksman, da Metrópole Arquitetos.

    Ele, ao lado da sócia Anna Helena Villela, fez no ano passado um projeto de forma voluntária para um grupo de moradores do bairro. A expectativa era que, a partir da emenda parlamentar de um vereador, a prefeitura destinasse recursos para a revitalização da praça, o que não ocorreu.

    Vilaboim
    Vilaboim

    "Apesar da vizinhança com restaurantes, comércio local e o icônico edifício Louveira, do [João Batista Vilanova] Artigas [e de Carlos Cascaldi], uma das joias modernistas do bairro, a praça tem vivido nos últimos anos um abandono", diz Alberto Milani Jr., um dos moradores que fazem parte do movimento social por uma nova praça Vilaboim.

    Ele, que também é conselheiro participativo do bairro, afirma que o espaço como está hoje "não enseja o encontro dos moradores".

    Além da vontade de remodelar o local, surgiu um outro movimento que visava a preservação da histórica figueira. A árvore, que ocupa o centro da praça, já correu o risco de ser cortada.

    O SOS Vilaboim, que tem como uma das coordenadoras Mariana Veríssimo, é que conseguiu o novo projeto arquitetônico para a área.

    Segundo a dupla de arquitetos, uma das coisas mais difíceis em projetos como esse, além do dinheiro, é a aprovação dos moradores.

    "Mas, no caso da Vilaboim, como tudo foi discutido e apresentado aos interessados, essa concordância existe", afirma Oksman.

    PONTOS CEGOS

    A ideia do projeto é ampliar os horizontes da praça e acabar com o que os moradores chamam de pontos cegos do local. Ou cantos escuros. Hoje, por exemplo, da forma como está, a banca acaba tampando a Vilaboim e a visão dos jardins do Louveira.

    Essas características eram alardeadas nos anúncios de lançamento do prédio, nos anos 1950, "no aristocrático" bairro de Higienópolis e até em colunas sociais da Folha daquela época.

    As até hoje valorizadas unidades do edifício foram vendidas na ocasião por 1 milhão de cruzeiros. Hoje, os apartamentos de 160 metros quadrados podem beirar a casa de R$ 1,5 milhão.

    "O Louveira está tombado e faz parte do processo de tombamento da própria praça Vilaboim, que foi considerada quase que uma extensão dos jardins que tem lá", diz o arquiteto paulistano.

    Por isso que a ideia principal do desenho arquitetônico foi fazer os dois espaços voltarem a conversar.

    Uma mudança no paisagismo também será necessária, mas a figueira está preservada. O ideal, segundo os arquitetos, é fazer uma "limpeza" nas espécies exóticas que foram plantadas sem muito controle na praça e substitui-las por espécies nativas, da mata atlântica.

    O parquinho infantil também vai ganhar destaque e será rodeado de blocos de concreto para as pessoas sentarem ou para os pequenos subirem e descerem.

    O espaço para o estacionamentos da bicicletas -existe uma ciclovia que passa na praça- também vai crescer.

    "Os tipos de materiais a serem usados foram pensados para facilitar a manutenção", diz Oksman. Haverá um novo projeto de iluminação para melhorar o conforto dos usuários após o anoitecer.

    Segundo Eduardo Odloak, prefeito regional da Sé, a gestão João Doria (PSDB) ainda não conhece o projeto formalmente. "Mas vamos dar todo apoio a essa ideia. Se for preciso vamos incentivar os moradores a conseguirem parceiros financeiros", afirma.

    A estimativa inicial é que a revitalização da Vilaboim possa custar cerca de R$ 1 milhão.

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