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    Rio de Janeiro

    Morte de argentinos gera apreensão entre turistas sobre segurança no RJ

    LUIZA FRANCO
    DO RIO

    28/03/2017 02h00

    Nesta segunda (27), duas famílias argentinas se encontraram no IML (Instituto Médico Legal) do Rio. Peritos analisavam os corpos de seus parentes, vítimas de crimes que aconteceram em cantos diferentes da cidade e com semanas de intervalo entre si.

    No sábado (25), morreu Natalí Capetti, 42, que estava internada havia quase um mês. Ela foi baleada por traficantes ao entrar por engano no Morro dos Prazeres, em Santa Teresa, no dia 27 de fevereiro.

    Na madrugada de domingo (26), morreu Matías Carena, 28, após ser espancado por um grupo de brasileiros na porta de um bar em Ipanema.

    Reprodução/Twitter
    Argentino Matias Carena morto durante uma briga com brasileiros em um bar da zona sul do Rio de Janeiro
    Argentino Matias Carena morto durante briga com brasileiros em bar da zona sul do Rio de Janeiro

    Argentinos e americanos são os maiores grupos de turistas no Rio. Na alta temporada de 2016 e 2017, os argentinos representaram 20% dos 3 milhões de turistas estrangeiros que a cidade recebeu.

    Entre eles, as mortes dos conterrâneos geraram apreensão. Muitos contam que receberam ligações de parentes preocupados com segurança.

    "Às vezes temos a impressão de que somos mais atacados por causa da rixa que existe entre os dois países", diz uma turista argentina que não quis se identificar. "Mas quantos brasileiros morrem todos os dias?", questionou seu marido. "Acho que a cidade é insegura para todos", conclui.

    Hospedados a dois quarteirões do bar onde Carena foi morto, os amigos Juan Jimenez, 27, e Diego Castro, 24, contam que ficaram chocados quando souberam da notícia.

    "Mas aos poucos fomos nos acalmando, afinal, brigas acontecem em todo lugar e, aliás, acontecem em Buenos Aires o tempo todo. Sabemos que temos que ter cuidado em festas porque as pessoas ficam muito bêbadas", diz Juan.

    Na opinião deles, é possível que argentinos fiquem relutantes em vir ao Brasil, principalmente os que não são de Buenos Aires e estão menos habituados à violência.

    'COVARDIA'

    Era pouco depois das 4h de domingo quando Carena foi morto. Ele acabara de sair de um bar com dois amigos. O delegado responsável pelo caso, Fábio Cardoso Júnior, descreve o que aconteceu em seguida como "covardia".

    Segundo a investigação, um grupo de brasileiros começou a provocá-lo.

    "Eles começaram a zombar, xingar e ofender os argentinos. Depois, quatro o cercaram. Um deu um soco na cara dele que foi como um tiro. Ele caiu, mas, mesmo assim, os outros continuaram a agredi-lo. Um pegou um objeto que pode ter sido uma muleta, e golpeou o rapaz."

    Segundo o delegado, os suspeitos são moradores da zona sul e frequentam o bar.

    Já Capetti estava de carro com o marido e um casal de espanhóis tentando chegar ao Corcovado com auxílio de um aplicativo de localização quando entrou, por engano, na favela. O carro foi recebido a tiros, que atingiram Natali na perna e na barriga.

    O cônsul geral da Argentina no Rio disse que não poderia comentar os casos porque estava acompanhando a família de Carenas.

    O Instituto de Segurança Pública, responsável pelas estatísticas de criminalidade no Estado, não soube informar se cresceu o número de turistas atingidos pela violência.

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