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    Rio de Janeiro

    Família de menina morta dentro de escola no Rio vai processar o Estado

    LUCAS VETTORAZZO
    DO RIO

    01/04/2017 13h24

    A família da menina Maria Eduarda, 13, morta na última quinta-feira dentro de uma escola municipal em Acari, zona norte do Rio, pretende processar o Estado.

    A menina fazia aula de educação física quando foi atingida por tiros. A perícia identificou quatro perfurações no corpo da estudante.

    A polícia afirma que no momento em que a jovem foi baleada nenhuma operação ocorria na região, cercada por favelas conhecida pelos constantes confrontos entre polícia e traficantes.

    No mesmo dia, um vídeo circulou na internet onde é possível ver dois policiais executando dois suspeitos com tiros de fuzil a queima roupa. A PM não esclareceu a dinâmica dos fatos que começou com a morte da menina e terminou nas execuções.

    Os dois PMs que aparecem nas imagens executando os suspeitos tiveram prisão decretada pela Justiça.

    O corpo da menina foi sepultado neste sábado (1), no cemitério Jardim da Saudade, em Mesquita, município da Baixada Fluminense.

    Na sexta, parentes da vítima disseram que os tiros que atingiram a jovem partiram da polícia, que atirou em direção à escola ao avistar movimentação suspeita no local.

    O tio da menina, Anderson Rodrigues Pereira, refuta a tese de bala perdida. Diz que a jovem foi alvejada na nádega e na cabeça.

    "Bala perdida é um tiro só. Me explica como três tiros são bala perdida", disse ele, em fala registrada pelo portal Uol.

    A mãe da menina contou que a filha dizia estudar para dar uma vida melhor para a família, que mora na região.

    "Mataram meu bebê. Estou com o coração partido", disse a auxiliar de serviços gerais Rosilene Alves, 52.

    Maria Eduarda, ou Duda, como era chamada, estava no sétimo ano do ensino fundamental. Ela tinha o sonho de virar esportista e gostava de praticar basquete.

    A família está sendo orientada judicialmente pelo advogado João Tancredo, conhecido no Rio por atuar em causas sociais, quase sempre em ações relativos a abuso de autoridade e violência policial.

    Tancredo é o advogado da família do pedreiro Amarildo de Souza, sequestrado e morto, segundo a Justiça, por policiais da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Rocinha, em 2013.

    Tancredo disse à Folha que na próxima segunda-feira (3) ingressará na Justiça com ação contra o Estado, responsabilizando agentes pela morta da menina e pedindo indenização para a família.

    "A família está lidando com isso de maneira muito lúcida e forte. Eles entendem que o Estado é culpado da morte da Maria Eduarda. Vamos lutar para que isso não fique impune", disse ele.

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