Paulo Lopes - 24.nov.2016/Futura Press/Folhapress | ||
Secretário da Educação de São Paulo, Alexandre Schneider, pede demissão por se sentir sem respaldo |
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Cotidiano
Saturday, 21-Dec-2024 10:46:56 -03Sem respaldo, secretário da Educação pede demissão, mas Doria evita saída
EDUARDO SCOLESE
EDITOR DE "COTIDIANO"CÁTIA SEABRA
MARIANA ZYLBERKAN
DE SÃO PAULO08/04/2017 02h00
O secretário Alexandre Schneider (Educação) pediu demissão do cargo ao prefeito João Doria (PSDB) nesta sexta-feira (7). Ao menos por ora, em conversa no gabinete, o prefeito conseguiu demovê-lo da ideia.
Segundo a Folha apurou, Schneider se queixou a Doria da falta de respaldo da gestão tucana em meio aos ataques que tem recebido de simpatizantes do MBL (Movimento Brasil Livre).
A crise teve origem no início da semana, quando o secretário criticou a visita de Fernando Holiday (DEM), vereador e integrante do MBL, a uma escola municipal para "verificar se estava havendo doutrinação ideológica por parte de professores".
"O vereador exacerbou suas funções e não pode usar de seu mandato para intimidar professores", escreveu Schneider em uma rede social, o que provocou uma forte reação dos apoiadores do MBL, algumas delas agressivas.
Holiday negou que tenha intimidado professores e respondeu a Schneider. "Até entendo que sindicatos, partidos e mesmo alguns parlamentares se baseiem em inverdades para fazer suas críticas, como é de costume em frequentes casos. Mas esta não pode e nem deve ser a conduta do responsável pela educação do maior município do país."
Em meio à polêmica, o vereador aproveitou para protocolar o projeto de lei "Escola sem Partido", que, em linhas gerais, busca restringir opiniões políticas e religiosas de professores em sala de aula.
O secretário, radicalmente contra essa ideia, esperava algum sinal de defesa da prefeitura, o que não aconteceu publicamente. O prefeito até tentou colocar panos quentes em conversas reservadas com líderes do movimento, o que não evitou a sequência de ataques a Schneider.
O coordenador nacional do MBL, Kim Kataguiri, por exemplo, disse em uma rede social que Schneider é partidário do PSOL e o acusou de estar "espalhando a descarada mentira de que o vereador estaria 'intimidando' professores e agindo em desacordo com sua função de vereador".
Montagens com fotos do secretário segurando um livro com o símbolo da foice e martelo na capa foram replicadas nas redes sociais.
A reportagem tentou contato com o secretário durante toda sexta-feira, mas ele não retornou as ligações nem respondeu às mensagens deixadas em seu celular.
À Folha, o prefeito confirma a conversa com Schneider, mas nega que o secretário tenha efetivamente entregado o cargo. Segundo Doria, o caso foi superado. O prefeito lamentou também que esse "estresse" tenha chegado a esse nível. "Não era para ser assim. Houve um estresse de lado a lado. Mas considero o caso superado."
Schneider, que também foi titular da Educação municipal durante a gestão de Gilberto Kassab, é responsável por tirar do papel uma das metas mais ousadas da gestão: a promessa eleitoral de zerar ainda neste ano a fila de crianças de até 3 anos que aguardam por uma vaga nas creches municipais.
De acordo com a administração, havia 65,5 mil crianças nessas condições ao final do ano passado e esse será o número a ser perseguido.
Em evento há cerca de um mês, o secretário foi anfitrião do lançamento da iniciativa batizada como Nossa Creche. Na plateia, estava a elite bancária do país, convidada por Doria para fazer doações ao programa a partir de abatimentos do imposto de renda.
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