Parecia que Jeanette Ferreira da Costa ganhava mais cem dedos em cada mão quando subia nos palcos. A desenvoltura com que dedilhava o teclado da gaita, como chamam no Rio Grande do Sul o instrumento que a fez famosa, lhe deu o título de "rainha do acordeom".

Jeanette aprendeu a música cedo, em casa, na zona rural de Cruz Alta (RS) –sua mãe tocava sete instrumentos, contou em entrevistas.

Mudou-se para a pequena cidade gaúcha ainda nova, para estudar, mas interrompeu o plano quando conheceu, aos 14, o cantor Gildo Freitas, grande nome da música tradicional gaúcha, que a levou para a estrada.

Ficou famosa quando montou, com um companheiro, a dupla Nelson e Jeanette, em meados dos anos 1960, época em que ganhou as rádios gaúchas e fez apresentações no Brasil e em outros países. Gravou pelo menos 22 discos, diz a cunhada, Zuleica.

Jeanette decidiu dissolver a dupla nos anos 1980, quando terminou o relacionamento com o companheiro. Depois, tentou carreira solo e participou de outros conjuntos, mas nunca voltou a fazer o mesmo sucesso.

Há 12 anos, deixou a capital, Porto Alegre, onde morou por cerca de 40 anos, e voltou à cidade natal de Cruz Alta. Lá, chegou a dar aulas de acordeom e, com o avançar da idade e das dores nos braços, fez apresentações cada vez mais esporádicas.

Internada havia nove dias por insuficiência respiratória, morreu na madrugada do último dia 4, aos 75. Deixa a cunhada e inúmeros fãs e jovens gaiteiros saudosos.

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