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    Infância do Carmo Ortega Cunha (1942-2017)

    Mortes: Com gênio forte, era defensora da língua portuguesa

    THIAGO AMÂNCIO
    DE SÃO PAULO

    15/04/2017 00h00

    O cuidado com o uso do português logo chamava a atenção de quem conhecesse Infância do Carmo, sempre preocupada em falar de maneira impecável e volta e meia corrigindo os que deslizassem na última flor do Lácio. Como, afinal, poderia permitir que destratassem o idioma nascido na terra de Camões, Fernando Pessoa e dela própria?

    Infância nasceu em um povoado de Trás-os-Montes, no norte de Portugal, e migrou aos 9 para o Brasil, com os pais, que já tinham familiares por aqui, no além-mar.

    Mas não abandonou as raízes ibéricas. Carregava, mesmo idosa, memórias do cotidiano lusitano, como quando, criança, levava para a escola um aquecedor para colocar sob os pés, no inverno.

    Costumava reavivar o sotaque português quando conversava com a família que ficou por lá e tinha a cantora de fado Amália Rodrigues entre suas artistas prediletas.

    Apesar do apego à terrinha, conseguiu se adaptar bem ao Brasil –além da fadista, gostava de ouvir também Paulinho da Viola.

    Conheceu em São Paulo, onde morou toda a vida brasileira, o marido, Roberto, com quem era casada desde 1969 e pai de seus três filhos.

    "Tudo em casa girava em torno dela. Ela tinha gênio forte e era muito firme em seus princípios e em seu caráter", conta Roberto.

    Com a saúde debilitada, saía cada vez menos de casa, mas encontrou na internet sua janela para o mundo e passava horas navegando.

    Sofreu uma queda há quatro meses e, internada desde então, morreu no dia 7, aos 74. Deixa o marido e três filhos, Rogério, Diego e Rodrigo.

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