Seu Jorge tinha a data na ponta da língua: 18 de junho de 1998. O primeiro dia de trabalho na CooperPam, extinta cooperativa de transportes que atuava na zona sul de São Paulo. "Ele adorava o que fazia. Lidar com cooperados, mexer com gente era o que ele gostava", afirma a mulher, Nelcy.

A entrada para a cooperativa foi a superação de um período difícil para esse mineiro de Barra Longa. Depois de 20 anos trabalhando em uma metalúrgica, estava desempregado e, com mais de 40 anos, encontrava dificuldades para retornar ao mercado.

O novo emprego, na administração da cooperativa, era motivo de orgulho até hoje. No dia a dia, era inquieto, detalhista, mas sempre encontrava tempo para ouvir colegas, dar conselhos. Chegou a acolher pessoas e reconciliar casais.

Nas folgas, não gostava de programas agitados, preferia reunir a família em casa ou pescar. Não tinha filhos, mas adorava receber os irmãos, fazer brincadeiras com os sobrinhos. Já a pesca, o levava a destinos variados, do interior paulista ao Mato Grosso.

Na última pescaria pegou um tucunaré amarelo, o maior do grupo que o acompanhava, como prometera à mulher.

Décadas depois de deixar Minas, seu Jorge ainda era apegado a culinária e a música de seu Estado natal.

Otimista, era raro ele se abater pelas dificuldades ou perder o sorriso do rosto.

Morreu no sábado (15), aos 64 anos, em decorrência da ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica). Deixa a mulher, irmãos, sobrinhos e amigos.

A missa de sétimo dia será nesta sexta (21), às 19h, na Paróquia Nossa Sra. do Sabará, na Vila Campo Grande, em SP.

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