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    Corsino de Souza Almeida (1912-2017)

    Mortes: O homem que amava terra, silêncio e o gamão

    AMANDA RIBEIRO
    DA EDITORIA DE TREINAMENTO

    25/04/2017 00h00

    Corsino de Souza Almeida percebeu que tinha perdido a noção do tempo quando, em 2012, ouviu das filhas que já completaria cem anos. Sem saber como reagir, o fazendeiro se limitou a uma risadinha e perguntou: "Tudo isso? O que eu fiz para a morte?"

    Caçula em uma família de oito irmãos, Corsino nasceu em 1912 na fazenda Coqueiro, no pequeno município baiano de São Desidério. Após passar a infância ajudando os pais, seguiu para Barreiras, a 26 km de sua cidade natal, para estudar.

    A estada longe de casa, porém, durou pouco. Retornou para Coqueiro aos 17 anos, por causa da morte do pai. Lá ficou, se casou e decidiu permanecer. Dizia amar o silêncio que apenas o campo tinha.

    Foram quase 50 anos seguindo a promessa de permanecer na fazenda dos pais. A notícia de que a mulher, Albertina, estava com câncer, foi o que levou a família de volta para Barreiras, em 1991. Ela morreu cinco anos depois.

    Sozinho, Corsino passou a dividir seu tempo entre visitas a parentes, caminhadas e jogos de gamão, uma de suas paixões. A fazenda virou programa de fim de semana, uma oportunidade de o patriarca galopar, mostrar a fazenda para os netos e fazer pequenos serviços, como catar o mato.

    No início de 2017, uma gripe forte o deixou mais quieto, e o jeito metódico que guiava sua rotina foi vencido pela fraqueza. A morte que ele pensou que não viria chegou calmamente no dia 27, quando já estava com 105 anos.

    Voltou a Coqueiro no dia seguinte. Sob um sol quente, foi enterrado na igrejinha de Senhor dos Passos. Deixa 14 filhos, 36 netos e 32 bisnetos.

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    coluna.obituario@grupofolha.com.br

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