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    Rio de Janeiro

    'Preciso de recursos', diz Pezão sobre crise da segurança pública no Rio

    DO RIO

    27/04/2017 13h07 - Atualizado às 15h08

    Luciano Belford/AGIF
    Policiais fazem operação desde sexta (21) no Complexo do Alemão para a instalação de cabine blindada
    Policiais fazem operação desde sexta (21) no Complexo do Alemão para a instalação de cabine blindada

    Um dia após o Complexo do Alemão, conjunto de favelas na zona norte do Rio, registrar a quinta morte em seis dias, o governador do Estado, Luiz Fernando Pezão (PMDB), disse que precisa da ajuda do governo federal para lidar com a crise da segurança pública.

    "Tenho 4.000 policiais pra serem admitidos, mas, infelizmente não posso admiti-los, não tem recursos", disse Pezão, em entrevista à rádio CBN, na manhã desta quinta-feira (27).

    Em nota, o governador diz que reforçou pedido de socorro financeiro ao governo federal e celeridade na aprovação do plano de Responsabilidade Fiscal para viabilizar o reequilíbrio das finanças do Estado e assim poder melhorar os serviços prestados à população em todas as áreas, especialmente na segurança. Não houve pedido de reforço militar por ora.

    Pezão disse não querer transferir responsabilidade para outros esferas do governo, mas citou a falta de fiscalização em rodovias federais como um dos motivos da violência.

    "O Rio de Janeiro virou uma peneira. Fuzil, que não é uma arma fabricada no Rio, virou uma coisa banal. Precisamos ter policiamento reforçado nas fronteiras em rodovias federais."

    Segundo o governo, esse reforço, que visa coibir a entrada de armas e munições no território fluminense, foi solicitado à União.

    Principal ícone da política de pacificação dos morros do Rio, o Alemão, que foi ocupado de modo cinematográfico em 2010, tem sido cenário de confrontos diários entre polícia e traficantes desde o início de fevereiro.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Pezão reconheceu que a situação na região é ainda mais delicada. Foram cinco mortes em seis dias. A violência escalonou dessa maneira porque, desde a última sexta-feira (21), o Bope (Batalhão de Operações Especiais) da Polícia Militar vinha realizando operações para instalar uma torre blindada no alto da favela Nova Brasília, dentro do complexo. A torre foi finalmente instalada na última terça (25).

    Durante as operações, quatro pessoas morreram, entre eles um adolescente de 13 anos. Mais um adolescente morreu na noite de quarta (26), em um protesto de moradores contra a violência. A polícia reprimiu o protesto, e houve tiroteio. O adolescente foi atingido, chegou a ser levado para o Hospital Municipal Salgado Filho, mas não resistiu.

    "Tenho dito ao secretário de Segurança [Roberto Sá] que nenhuma vida vale o confronto [com traficantes], mas a gente não pode achar normal que o policial entre lá e tenha que ficar blindado para não ser alvo de tiros. Perdemos mais de 50 policiais em quatro meses", disse o governador. Foram 58 policiais mortos, entre policiais em serviço, em folga e aposentados.

    Especialistas veem na instalação da torre um símbolo do fracasso da política de segurança –a ideia, após a ocupação da favela, era que polícia e população passassem a ter relação mais próxima.

    Mesmo quem a defende, como o antropólogo e ex-capitão do Bope Paulo Storani, reconhece que ela não representará solução para o conflito a longo prazo.

    "A polícia não pode simplesmente sair do Alemão. A torre pelo menos dará segurança para o efetivo policial que está lá. Mas sabemos que não vai solucionar o problema. Ela será alvejada constantemente."

    Domingos Peixoto/Agência O Globo
    Imóvel fica cheio de marcas de tiros após dias de operação policial no Complexo do Alemão, no Rio
    Imóvel fica cheio de marcas de tiros após dias de operação policial no Complexo do Alemão, no Rio

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