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    Vítima de câncer em SP, assistente social cria casa de apoio a pacientes

    FERNANDA TESTA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM FRANCA (SP)

    28/04/2017 02h00

    Joel Silva/Folhapress
    FRANCA, SP, BRASIL- 19-04-2017. Eliane Bonini em sua casa, onde criou uma " Casa de Apoio" para pacientes com cancer em Franca, interior de Sao Paulo. A vontade de ajudar o próximo. Vítima de um câncer de mama, a mulher de 50 anos, viu de perto as dificuldades que pacientes da região tinham para arcar com despesas como hospedagem e alimentação durante o tratamento no Hospital do Câncer da cidade. Depois de vencer a doença, em 2011, Eliane criou uma casa de apoio que oferece alimentação e hospedagem grátis a pacientes e acompanhantes. Todos os meses, a casa recebe cerca de mil pessoas e conta com o trabalho de 30 voluntários. O local conta ainda com cursos e oficinas para os pacientes. ( Foto: Joel Silva/Folhapress ) ***COTIDIANO *** ( ***EXCLUSIVO FOLHA***)
    A assistente social Eliane Bonini, 49, em sua casa de apoio para pacientes com câncer

    Terça-feira, 11h30. Uma fila de pacientes com câncer se forma no corredor de uma casa no bairro Jardim do Éden, em Franca, a 400 km de São Paulo. Num caderno, escrevem nome completo e cidade de origem. Dali, seguem para o refeitório, onde têm almoço e espaço para descansar.

    É assim o dia a dia do Iansa (Instituto de Apoio Nossa Senhora Aparecida), casa de apoio criada pela assistente social Eliane Aparecida Bonini, 49. Inaugurado há seis anos, o local oferece alimentação e hospedagem a pacientes que fazem tratamento no Hospital de Câncer de Franca e a seus acompanhantes. São mais de mil pessoas atendidas a cada mês.

    Diagnosticada com câncer de mama em 2010, a assistente social passou por uma cirurgia, além de sessões de quimioterapia. Durante o tratamento, conheceu a realidade dos pacientes e teve a ideia de montar a instituição.

    "Um mês depois de fazer a cirurgia, veio a ideia da casa de apoio. Franca não tinha nenhum local que oferecesse assistência a pacientes com câncer. Falei com meu marido, e dias depois já estávamos procurando um imóvel próximo ao hospital para alugar", conta.

    Bonini notou que inúmeros pacientes da região de Franca em tratamento no Hospital de Câncer não tinham condições para arcar com despesas como hospedagem e alimentação na cidade. Assim, configurou a casa como local para oferecer refeições –café da manhã, café da tarde, almoço e jantar– e pernoite.

    "As primeiras pessoas que atendemos foram pacientes que tinham abandonado o tratamento porque não tinham lugar para ficar em Franca. Começamos então a divulgar nosso trabalho, e, aos poucos, a casa foi ganhando frequentadores."

    TRAJETÓRIA

    No primeiro ano de funcionamento, a instituição foi mantida exclusivamente pela família de Eliane. Atualmente, os recursos vêm de doações da comunidade, bazares e eventos para angariar fundos. São seis funcionários registrados e cerca de 100 voluntários, entre psicólogos, médicos e nutricionistas.

    Além das refeições e da hospedagem, a casa oferece ainda oficinas de artesanato, bordado, pintura, confecção de perucas, entre outras.

    Diagnosticada em 2015 com câncer de mama, a aposentada Radige de Oliveira Sato, 64, diz que encontrou na casa apoio para a cura da doença. "Desde a primeira vez que estive no Iansa, fui muito bem atendida. Sinto-me em casa todas as vezes que venho ao instituto. Não sei o que faria sem eles", afirma.

    Paciente com câncer de pele, a balconista Sandra Maria Domingos, 55, afirma que o convívio com as pessoas no instituto tem sido importante para enfrentar a doença.

    "Desde o início do meu tratamento, há um ano, a casa me acolheu. Encontrei com eles a força que procurava e os considero minha segunda família", diz.

    FUTURO

    No fim de 2016, empresários do município doaram um terreno para o Iansa. O objetivo é ter sede própria e poder ampliar ainda mais o atendimento.

    "Estamos procurando parcerias e reestruturando nossos eventos para arrecadar recursos para a obra. Meu grande objetivo é ser referência em atendimento na área de assistência social para pessoas com câncer", diz Eliane.

    Para a assistente social, o vínculo afetivo estabelecido com os pacientes é mais importante que oferecer teto ou comida. "Agradeço a Deus por ter tido o câncer. Se não fosse a doença, talvez eu nunca tivesse desenvolvido este projeto. Sou grata por fazer algo que ameniza a dor que essas pessoas passam. Digo a eles que passei pelo mesmo e venci e que todos podem vencer também", declarou.

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