"Olha, é o mesmo pessoal que estava correndo com a gente", disse Zildo Bueno ao retornar à pista de atletismo na Argentina com o colega. Os dois aproveitaram um intervalo antes da final de uma competição sul-americana de veteranos para comer algo.

Demoraram a notar que a prova a que assistiam comendo batatas fritas era a final que deveriam disputar. O jeito desligado renderia mais episódios anedóticos, como quando, ao ensinar paratletas cegos, pediu que olhassem para o movimento do seu braço –ou quando perguntou a eles se podia apagar a luz.

Nascido em uma família humilde de Cachoeira Paulista (a 212 km de São Paulo), Zildo criou o gosto para corridas aos dez anos –uma das provas que venceu tinha como grande motivação o prêmio de um frango assado.
Jovem, trabalhou no DER (Departamento de Estradas de Rodagem) e, enquanto os colegas de trabalho voltavam para a cidade de caminhão, ele ia correndo, para treinar.

"Ele tinha uma explosão muscular fantástica", lembra o professor Nelson Dahdal. Ainda hoje, é o recordista sul-americano dos 200m e dos 400m rasos na categoria de 55 a 60 anos.

Em Taubaté, para onde se mudou, virou patrimônio: todos o conheciam de vê-lo treinando nas ruas, do seu trabalho como professor de educação física, treinador de atletismo ou secretário de Esportes. "Era insuportável ir no supermercado com ele. Todo mundo queria conversar", se diverte a filha Sara.

Morreu na segunda (24), aos 77, após um infarto. Deixa a mulher, Leda, os filhos Mayara, Zildo e Sara, e uma neta.

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